quinta-feira, 2 de maio de 2019

Assange é condenado a quase um ano de prisão

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, chega a tribunal de Londres após ser preso

O fundador do portal Wikileaks, Julian Assange, foi sentenciado nesta quarta-feira (01/05) a quase um ano de prisão no Reino Unido por ter violado condições de sua liberdade condicional quando se refugiou, em 2012, na embaixada do Equador em Londres para evitar uma extradição.

O tribunal de Southwark, em Londres, condenou o australiano a 50 semanas de reclusão, levando em conta o tempo que já passou preso, deste que foi detido na embaixada no último dia 11 de abril.

A juíza que proferiu a sentença rejeitou argumentos apresentados pela defesa de Assange. Seu advogado, Mark Summers, leu uma carta no tribunal, na qual o fundador do Wikileaks se diz arrependido de seus atos, mas afirma que não teve escolha devido às "circunstâncias terríveis" sob as quais se encontrava.

Para a juíza Deborah Taylor, Assange fez uma "tentativa deliberada de escapar da Justiça", já que, ao entrar na embaixada, ele se colocou fora do alcance de investigadores. A juíza também fez referência às 16 milhões de libras esterlinas provenientes dos contribuintes britânicos gastas com o policiamento da embaixada equatoriana enquanto Assange se refugiou nela.

O australiano, de 47 anos, se apresentou ao tribunal para ouvir a sentença, após outra corte britânica já o ter declarado culpado no mesmo dia de sua detenção por não ter se entregado às autoridades do país após um mandado de prisão em 2010, ligado a acusações de assédio sexual na Suécia.

As acusações acabaram sendo arquivadas. A defesa de Assange afirmou que ele está disposto a colaborar com as autoridades suecas caso as investigações sejam retomadas. Uma das suecas que teria sido violada por Assange pediu no mês passado que o caso fosse reaberto.

A condenação desta quarta é apenas o primeiro capítulo da batalha legal a ser enfrentada por Assange, que esteve por trás de um dos maiores vazamentos de documentos secretos da história americana.

Ele é alvo de um pedido de extradição para os EUA devido a acusações de conspiração com a ex-analista da inteligência militar americana Chelsea Manning para obter material confidencial em 2010. Uma audiência sobre o caso está marcada para quinta-feira, e o processo pode se estender por até dois anos.

Juristas afirmam que foi uma decisão prudente da procuradoria-geral indiciar Assange com a acusação de conspiração para hackear um computador governamental. Caso os EUA tivessem elaborado uma acusação mais ampla de espionagem, focada na publicação de informações confidenciais, provavelmente teria sido interpretado como um ataque direto à liberdade de imprensa, consagrada na Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Diante do tribunal em Londres, manifestantes protestaram nesta quarta em defesa do fundador do Wikileaks. "Vergonha ao Reino Unido! Vergonha ao Equador que vendeu Assange!", gritava uma das participantes do protesto, em meio a cartazes pedindo a libertação do australiano.

Assange foi preso em 11 de abril após o governo do Equador retirar o asilo diplomático concedido ao australiano quase sete anos antes. O presidente equatoriano, Lenín Moreno, acusou o jornalista de "interferir em questões de outros Estados" enquanto estava na embaixada e disse que o asilo se tornou "insustentável e inviável".