sábado, 16 de maio de 2020

Vinte e dois dias após almoço em família, mulher morre de Covid-19 em Mogi e outros cinco familiares testam positivo

Zemilda era conhecida pelo bom humor e a doação ao filho que tem síndrome de down. — Foto: Zileide Nascimento/Arquivo Pessoal

Há cinco meses Zemilda Silva do Nascimento Gonçalves, de 54 anos, vivia um sonho: tinha conquistado a casa própria, em Mogi das Cruzes, que dividia com o filho Pedro, de 14 anos, que tem síndrome de down. Os cuidados com ele tomavam boa parte de sua rotina. Na escola onde o menino estuda, Zemilda ficou conhecida pela alegria e por ser muito participativa em todas as atividades.

No dia 19 de abril, ela sentiu vontade de comer lasanha e decidiu reunir familiares próximos, mas por lá também estava o novo coronavírus. Os seis participantes testariam positivo para a Covid-19. Zemilda morreu 22 dias depois de complicações da doença. (Correção: o G1 errou ao informar que Zemilda Silva do Nascimento Gonçalves morreu após 15 dias do almoço com familiares. Ela morreu após 22 dias da reunião familiar. A informação foi corrigida às 15h47h.)

Zileide Silva do Nascimento, de 56 anos, a irmã mais velha de seis irmãos, conta que o convite partiu de Zemilda, porque tinha vontade de comer lasanha. Ela convidou uma das irmãs, a informação passou para a outra irmã e também foram um cunhado, a sobrinha e o filho Pedro.

"Ninguém tinha sintomas, eles não pensaram que isso poderia acontecer. Antes disso, o Pedro tinha ficado doente, com dor de ouvido, mas ele estava curado já. Agora a gente acredita que ele estava doente e todo mundo acabou pegando. O teste dele deu positivo", diz Zileide, que não participou do encontro, porque estava trabalhando.

Dois dias após o almoço, Zemilda começou com sintomas fortes de gripe. A família diz que ela foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Oropó, em Mogi das Cruzes, e foi receitado remédio para tomar em casa.

Segundo a família, a situação se repetiu por mais três vezes. "A minha filha disse que estava mal em casa. Quando a gente chegou lá, ela estava bem mal mesmo. O Samu chegou e queria levar ela para a UPA de novo, mas a gente disse que a orientação que a médica tinha dado era de que se ela piorasse para levar no Hospital Municipal, que é referência. Aí decidiram levar ela para lá. Isso era à tarde, à noite ela já foi entubada", relembra. Zemilda morreu no dia 11 de maio.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que "a paciente Zemilda Silva do Nascimento Gonçalves foi atendida na UPA Oropó nos dias 23 e 27 de abril, às 9h, com sintomas de febre, coriza e tosse, onde foi examinada, medicada e orientada pelo isolamento domiciliar e procura imediata de atendimento em caso de agravamento dos sintomas. No dia 28 de abril, às 20:44, foi ao Hospital Municipal, atendida e internada, sendo que no dia seguinte, com agravamento do caso, foi encaminhada para UTI, onde ficou por 12 dias, recebendo toda atenção e tratamentos indicados, mas, infelizmente faleceu em 11 de maio. 

A Secretaria Municipal de Saúde lamenta e informa que está à disposição da família para prestar todos os esclarecimentos necessários."