quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Suposto motim na PM da Bahia provoca ataques criminosos em poucas horas

Suposto motim na PM da Bahia provoca ataques criminosos em poucas horas

Arrombamentos a empresas de bairros da periferia de Salvador (BA), tiros contra vidraças de bancos e ônibus foi o saldo da primeira madrugada após uma greve parcial de policiais militares da Bahia, que viola a Constituição e é classificada como crime de motim pela legislação. A onda de violência ocorreu enquanto governador Rui Costa (PT) nega a paralisação.
Por meio de nota, a SSP da Bahia informou que a Polícia Civil já iniciou as investigações sobre os ataques a estabelecimentos comerciais na capital baiana. O texto diz que já foram solicitadas perícias nas munições encontradas e em imagens das câmeras da secretaria e de segurança privada.
Enquanto a Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia), liderada pelo deputado estadual Marco Prisco (PSC), sustenta que os policiais estão em greve, o governo da Bahia mantém versão contrária de que a tropa está na rua.
Na manhã desta quarta, o governador Rui Costa (PT) disse que é preciso cautela na divulgação de informações falsas em grupos de aplicativos. “O fato é que nenhum dos 32 mil policiais aderiu a isso [greve]”, disse.
O governador classificou as informações divulgadas por policiais como “propaganda” e defendeu uma punição severa ao que julgou de “manipulação política partidária” das lideranças do movimento. “O estado não ficará de joelhos para um marginal”, disse, sem citar nomes.
A Polícia Militar da Bahia tem um efetivo com 33 mil policiais, entre os quais 26 mil praças e sete mil oficiais. Segundo o líder da Aspra, cerca de 15 mil policiais são afiliados à entidade e 80% deles teriam aderido à greve.
À Folha de S.Paulo, Prisco disse nesta terça-feira (8) que o governo não dialoga com a categoria em relação ao plano de carreira, reajuste de gratificações e melhorias no Planserv, plano de saúde dos servidores do estado.
“O erro do governo é confiar em seus coronéis, em vez de sentar para dialogar. É totalmente contraditório um governador que foi sindicalista não reconhecer uma entidade com 15 mil filiados”, disse o deputado.
Casos de violência
Um dos exemplos da reação de criminosos ao movimento grevista ocorreu no bairro de Cosme de Farias, onde 31 pessoas foram presas por policiais militares durante tentativas de furto a dois estabelecimentos. Segundo informações da SSP (Secretaria da Segurança Pública), o grupo tentava levar mercadorias de uma loja de calçados e de um mercado.
No bairro Caminho de Areia, uma agência bancária da Caixa Econômica Federal teve as vidraças quebradas por vândalos. Já no bairro da Calçada, a agência do Santander foi alvo de tiros. Os caixas eletrônicos de nenhum dos dois estabelecimentos foram roubados.
Nos bairros Jardim Nova Esperança e Pau da Lima, homens encapuzados renderam motoristas e cobradores de dois ônibus, ordenaram que descessem dos veículos, tomaram as chaves e atiraram nos pneus, segundo o presidente em exercício do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Primo
Apesar da madrugada tumultuada, o clima era de normalidade na capital baiana na manhã desta quarta-feira (9), com trabalhadores nos pontos de ônibus e estações de metrô, além de escolas e comércio em pleno funcionamento. (Com informações da Folhapress)