quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Número de mortos devido a protestos violentos no Chile sobe para 15

Número de mortos devido a protestos violentos no Chile sobe para 15

O número de mortos nos protestos violentos que se espalharam pelo Chile subiu para 15, de acordo com o subsecretário do Interior. São quatro a mais do que no balanço oficial anterior.
Segundo informe do Ministério da Saúde, há 239 civis feridos, 52 hospitalizados, estando oito em estado grave. Há ainda cerca de 50 policiais e soldados feridos e mais de 2 mil pessoas foram detidas em todo o país.
Ubilla informou que 11 das mortes ocorreram na região metropolitana e estão associadas a incêndios e saques, “principalmente de centros comerciais”.
Outras três pessoas, ainda segundo o subsecretário, morreram em incidentes fora da capital, vítimas de tiros. Segundo o jornal chileno El Mercurio, Julio Contardo, promotor regional de Maule, confirmou a detenção de um militar após a morte de jovem baleado em Curicó durante uma manifestação.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que está aberto ao diálogo e disposto a um acordo social para acalmar a onda de protestos que tomou conta do país desde a última quinta-feira, 17. Ele se reunirá hoje com lideranças de governo e de oposição.
“Eu me reunirei com presidentes de partidos, tanto de governo como de oposição, para poder explorar e avançar a um acordo social que nos permita a todos, unidos, aproximarmos com rapidez, eficácia e também com responsabilidade, as melhores soluções para os problemas que afetam os chilenos”, anunciou Piñera.
O objetivo da reunião é escutar as propostas e projetos dos partidos para tomar medidas contra a crise que se instalou no país.
Apesar de as manifestações terem iniciado após o anúncio de um aumento no preço das passagens de metrô, os chilenos dizem que essa foi apenas a gota d’água. Eles reclamam da grande desigualdade no país.
O descontentamento é com o sistema de saúde e educação, pouco acessível aos mais pobres, além de baixos salários e aposentadorias, somados a um alto custo de vida. As longas filas nos hospitais e o alto preço dos medicamentos também estão entre as reclamações da população.
Apesar de o Chile ter bons indicadores sociais, a desigualdade ainda é um problema a ser enfrentado. De acordo com o Banco Mundial, os valores do coeficiente de Gini, indicador usado para medir a desigualdade, coloca o Chile entre os dez países mais desiguais do mundo, junto com outros seis países da América Latina e do Caribe (Brasil, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México e Panamá).
De acordo com o relatório Panorama Social de América Latina, da Comissão Econômica da América Latina e Caribe (Cepal), 1% da população chilena concentra mais de 26% da riqueza. O informe diz ainda que 66% dos chilenos têm apenas 2% do capital.
Em Santiago do Chile, capital do país, os preços da moradia subiram 150% nos últimos dez anos, enquanto os salários subiram cerca de 25% apenas.
Apesar de ter bons indicadores, como a redução de 36% para 8,6% do número de pessoas na extrema pobreza e ter o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América Latina, o Chile enfrenta os desafios da desigualdade social, somado a uma crescente insatisfação da população com a polícia e o Exército, envolvidos em casos de corrupção.
Com os protestos, as aulas seguem suspensas, tanto na educação infantil, como do ensino fundamental e médio. Mais de 1, 2 milhão de estudantes de nível superior estão sem aulas.
A Central Única de Trabalhadores do Chile, junto com outras organizações sociais, convocou uma greve geral para amanhã (23). (Com informações da Agência Brasil)