domingo, 27 de outubro de 2019

Argentina e Uruguai têm eleições para presidente neste domingo (27)

Alberto Fernández, favorito para as eleições na Argentina (esquerda) e Daniel Martínez, favorito para as eleições no Uruguai (direita). Foto: AP

Argentinos e uruguaios vão às urnas neste domingo (27) para escolher novos presidentes. Em um momento de ebulição em toda a América Latina, com crises no Chile, Bolívia e Equador, além da própria Argentina, eleições deste domingo são prova de fogo para as políticas de esquerda e direita de cada país.

Os argentinos começaram a votar neste domingo, às 8h locais, para escolher seu presidente entre modelos antagônicos, com o candidato peronista de cetro-esquerda Alberto Fernández como favorito e o mandatário liberal Mauricio Macri, que busca a reeleição.


Macri foi derrotado nas eleições primárias de 11 de agosto pelo peronista Fernández, que tem como vice na chapa a ex-presidente Cristina Kirchner. O atual presidente teve 32,93% dos votos, contra 49,49% da dupla de esquerda. A previsão de derrota do presidente liberal derrubou a bolsa e o valor da moeda argentina a índices inéditos.
A votação termina às 18h, e os primeiros resultados começam a sair três horas após o fechamento das urnas.
Os uruguaios começaram a votar neste domingo (27) para eleger um novo presidente, em uma eleição que pode ir ao segundo turno e na qual a população também vai se expressar sobre uma reforma de segurança que promove a criação de uma guarda nacional militarizada.
As mesas de votação abriram às 8h locais para receber os 2,6 milhões de cidadãos habilitados a votar, em um pleito que tem como favoritos o governista ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez, com 40% das intenções de voto, e o ex-senador de centro-direita Luis Lacalle Pou, com 28%.
Os postulantes da Frente Ampla (esquerda) e do Partido Nacional estão à frente nas pesquisas para passar ao segundo turno, que ocorre em novembro caso ninguém alcance a metade mais um dos votos válidos.
No caso argentino, a tendência é que Fernández já vença Macri neste domingo. No Uruguai, Martínez deve vencer o primeiro turno, mas enfrentar segundo turno em 24 de novembro, com o liberal Lacalle Pou. Por ora, as sondagens para o segundo turno uruguaio ainda indicam que Martínez está à frente.

Impactos no Brasil e na América Latina

As eleições argentinas e uruguaias devem repercutir no Brasil e em toda a América Latina, especialmente por conta do risco imposto pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) ao Mercosul em caso de vitória da esquerda em Buenos Aires.
Caso se confirme a eleição do peronista Alberto Fernández, na Argentina, e a vitória no primeiro turno do socialista Daniel Martínez, no Uruguai, no próximo domingo (27), bem como suas propostas para o Mercosul, quem pode sofrer isolamento no bloco é o Brasil.
À Folhapress, Martínez, o candidato uruguaio da Frente Ampla (partido de Mujica e do atual presidente, Tabaré Vázquez), disse ser entusiasta do Mercosul e que o bloco “continua sendo uma importante estratégia para a inserção global, sempre que seja de modo conjunto com os parceiros”. Afirmou, ainda, ser cético sobre flexibilizar o grupo.
O favorito a vencer as eleições do Uruguai também é crítico de Bolsonaro. “Há valores que Bolsonaro expressa e coisas que fazem com que, obviamente não vou mentir, eu seria hipócrita se dissesse que gosto”, declarou, em entrevista recente à AFP.
Questionado se considera um preso político o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção, Martínez respondeu afirmativamente. "Eu o considero um prisioneiro político", afirmou.
Já Alberto Fernández, que havia enfrentado verbalmente Jair Bolsonaro, chamando-o de “racista, misógino e violento” e também pedido a libertação de Lula, agora tem sido mais moderado.
Em mais de uma ocasião, depois disso, disse que não falaria mais sobre Bolsonaro nem responderia a provocações.
Ainda que não estejam claras as linhas de sua política econômica e nem sequer tenha escolhido um ministro para a área - os mais cotados são Matias Kulfas e Roberto Lavagnan -, Fernández já definiu outros pontos.
Será contra uma nova legislação de flexibilização do trabalho, que Macri tentava aprovar no Congresso. Contrariando o FMI, será a favor da volta de alguns subsídios, da renegociação dos prazos da dívida de US$ 57 bilhões com o Fundo e da revisão do acordo do bloco com a UE.
Com relação a esse acordo em particular, Fernández já afirmou tratar-se de “uma carta de intenções”, que o atual governo teria usado para se autopropagandear.