quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Flexibilização da quarentena contra coronavírus põe Curitiba na rota do colapso, diz estudo
Com uma taxa de ocupação de leitos UTIs que beira 90% e sem isolamento social, vidas "estão em risco" em Curitiba, aponta um estudo obtido por exclusividade pela BBC News Brasil.
A partir de dados recentes obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, pesquisadores da iniciativa Ação Covid-19, dedicados a estudar a evolução da doença no Brasil, realizaram simulações para diferentes cenários de isolamento social na capital do Paraná. O objetivo era identificar o grau de vulnerabilidade de áreas e grupos.
Segundo eles, nas atuais circunstâncias, com shopping centers e academias de ginásticas de portas abertas, existe o risco real de que o sistema de saúde da cidade entre em colapso.
O último boletim da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, divulgado na quarta-feira (05/08), informa que a taxa de ocupação das 345 UTIs do SUS exclusivas para covid-19 era de 88% (43 estavam livres). No entanto, esse número tem variado e permaneceu acima de 90% por vários dias seguidos nas últimas semanas.
"A proporção de mortos nos cenários sem isolamento social apontam os riscos de que o sistema de saúde não seja capaz de comportar todos aqueles que necessitem de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)", diz o estudo.
Os pesquisadores destacam que a decisão do poder público de flexibilizar a circulação de pessoas para a retomada da economia, com a reabertura de shopping centers e academias de ginástica, por exemplo, acelerou a propagação do coronavírus, apesar de um "início de pandemia controlado."
"O não recuo do governo local e a não reclassificação da cidade no sistema de bandeiras torna a situação de Curitiba alarmante. Vidas estão em risco quando uma cidade decide por manter suas atividades com mais de 90% da ocupação de leitos disponíveis", acrescentam.
Por esse sistema de bandeiras, criado pela Prefeitura de Curitiba e baseado em nove indicadores, cada cor - amarela (nível 1), laranja (nível 2) e vermelha (nível 3) - representa a situação da cidade, dependendo do nível de propagação da doença e da capacidade de atendimento da rede hospitalar.
O estágio "amarelo" representa um alerta de responsabilidade constante, com medidas de precaução a todo tempo. O "laranja", por sua vez, indica um risco médio, com restrições de funcionamento de áreas com possibilidades de aglomerações. Já o alto risco é representado pela cor vermelha, onde apenas serviços essenciais funcionam.