domingo, 16 de junho de 2019

Mais um vazamento: Moro sugeriu a MPF rebater 'showzinho' de Lula em depoimento



O site The Intercept Brasil divulgou uma nova leva de mensagens na noite desta sexta (14), que revela que o então juiz Sergio Moro - agora ministro da Justiça - sugeriu ao Ministério Público Federal (MPF) a publicação de uma nota contra o que chamou de "showzinho" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante e após o interrogatório relativo ao caso do tríplex de Guarujá (SP). As mensagens são exatemente do dia 10 de maio de 2017, quando Lula prestou depoimento em Curitiba sobre a ação penal - a primeira apresentada contra ele pela operação Lava Jato. No mesmo dia, Lula fez um discurso na capital paranaense, no qual se lançava como candidato à presidência em 2018. As mensagens indicam que Moro orientou e fez sugestões ao MPF.
Segundo o The Intercept, Moro questiona o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima: "O que achou [do interrogatório]?". O procurador responde que "ficou muito bom. Ele [Lula] começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo." Em seguida, Moro desdenha da imprensa: "A comunicação é complicada, pois a imprensa não é muito atenta a detalhes". Logo depois, Moro sugere ao procurador "editar uma nota esclarecendo as contadições do depoimento [de Lula] com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele. Por que a defesa já fez o showzinho dela."
Naquele mesmo dia, Santos Lima conjecturou junto aos assessores do MPF uma entrevista "com alguém da Globo em Recife". Ele participaria no dia seguinte de um congresso jurídico no Centro de Conveções da capital pernambucana, e daria entrevistas sobre o caso. Em relação à nota que poderia ser elaborada para contra-atacar a defesa de Lula, Santos Lima conversa com Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e compartilha com ele a orientação feita por Moro. Dallagnol, então, reitera o pedido para os assessores de imprensa da força-tarefa em um grupo formado por membros da operação e assessores do MP.
"Caros, mantenham avaliando a repercussão de hora em hora, sempre que possível, em especial verificando se está sendo positiva ou negativa e se a mídia está explorando as contradições e evasivas. As razões para eventual manifestação são: a) contrabalancear as manifestações da defesa. Vejo com normalidade fazer isso. Nos outros casos não houve isso. b) tirar um pouco o foco do juiz que foi capa das revistas de modo inadequado", escreveu Deltan. Aos assessores, nem ele nem Carlos Fernando informam que a orientação teria partido de Moro.