domingo, 3 de fevereiro de 2019

Sessão no Senado Federal tem bate-boca e até ‘roubo’ de pasta de presidente



A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) decidiu promover chicana na sessão que definirá o presidente do Senado a partir deste ano. Ela é da bancada de senadores que quer o voto secreto, em geral apoiadores do senador Renan Calheiros (MDB-AL). A dupla questiona a presidência do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que já havia dito em outros dias que tinha intenção de se lançar candidato a presidente do Senado.
A confusão começou quando Renan Calheiros (MDB-AL), adversário de Alcolumbre e candidato do PT na Casa, questionou a competência do amapaense para presidir a sessão. “Senador Davi Alcolumbre, desculpa ter chamado de presidente, em que condição vossa excelência está presidindo esta sessão e a anterior, que empossou os senadores?”, provocou.
Alcolumbre ignorou os questionamentos de Renan e abriu uma votação para definir se a eleição se daria por voto aberto ou fechado. 50 dos 53 senadores optaram pelo voto aberto.
Os aliados de Renan não pararam de gritar: “Vossa excelência não é diferente de nós. Responda às perguntas”, choramingou Eduardo Braga (MDB-AM). “Você está usurpando o poder! Está usurpando o poder”, repetiu aos berros fora do microfone Humberto Costa (PT-PE).
A senadora Katia Abreu (PDT-TO) se levantou, invadiu a Mesa Diretora e afirmou aos berros: “O senhor é candidato, não pode presidir a sessão!”, exclamou antes de arrancar uma pasta de documentos de suas mãos. “Saí daí!”, ela disse, apontando os dedos ao colega. “Peço à senadora que me devolva a pasta. Essa pasta é da Mesa Diretora”, diz Alcolumbre.
“A hora é do mais velho, que é José Maranhão. Entrega a cadeira porque você é candidato e isso vai parar no Supremo, envergonhadamente. O senhor não tem assessor, não?”, continuou Katia Abreu.
“Não, você levou a pasta com as respostas”, devolveu Alcolumbre.
A cena teatral causou graça a alguns e tristeza a outros. Renan chegou a rir. Omar Aziz (PSD-AM) pediu para suspender a sessão. “Está parecendo grêmio estudantil”, lamentou.
Pouco antes, Renan protagonizou momento tenso. Exaltado, o alagoano lembrou um episódio da ditadura para reclamar das conduções dos trabalhos. “Canalha!, Canalha!”, vociferou contra os senadores da Mesa.
Ele fez um aparte ao discurso do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) -que é favorável ao voto aberto- e citou o caso em que Tancredo Neves chamou de “canalha, canalha” o senador Auro de Moura Andrade, que, no golpe militar de abril de 1964, declarou vaga a Presidência da República.
Um burburinho no plenário gerou apreensão. Renan e Tasso Jereissati (PSDB-CE) se enfrentaram quando o tucano atacou: “Você vai para a cadeia”. Os dois tiveram de ser segurados pelos colegas.