sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

MPF denuncia contador da família Richa e primo de ex-governador

Fernanda e Beto Richa: MPF aponta uso de dinheiro de propina para a compra de imóveis

A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) apresentou hoje denúncias contra os o primo do ex-governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun e o contador da família, Dirceu Pupo. O MPF acusa os dois de participação em organização criminosa e corrupção passiva, suspeitos de integrar um esquema de cobrança de propina de concessionárias do pedágio no Estado.
Foram protocoladas duas denúncias separadas porque Luiz Abi deixou o Brasil em setembro de 2018, após ter sido solto por uma liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes no âmbito da Operação Rádio Patrulha, do Ministério Público do Paraná (MP/PR). Ele foi alvo de um mandado de prisão temporária na 58.ª fase da Lava Jato, mas até o momento, não há notícias de seu retorno ao País, encontrando-se no Líbano sem previsão de volta. O MPF diz que buscará cooperação jurídica internacional para citar o acusado.
A denúncia é um desdobramento da fase 58ª - Operação Integração II, que tornou réus no final de janeiro o ex-governador; seu irmão, Jose Pepe Richa Filho, ex-secretário de Infraestrutura e Logística do Estado; a esposa do tucano Fernanda Richa e o contador da família, Dirceu Pupo; além de vários outros agentes públicos e privados envolvidos no esquema.
Segundo as investigações, Luiz Abi Antoun exercia o papel de “caixa geral de propinas” arrecadadas em diversos setores do governo do Estado em favor do ex-governador. Já Dirceu Pupo Ferreira tinha a função de promover a “lavagem” do dinheiro arrecadado com as propinas recebidas por Antoun em nome de Beto Richa, mediante a aquisição de imóveis. As investigações apuraram que Pupo operacionalizou o recebimento de pelo menos R$ 2,7 milhões, utilizados na aquisição de imóveis em nome da empresa Ocaporã, pertencente à família Richa.
De acordo com a denúncia, os valores utilizados por Dirceu Pupo para as aquisições dissimuladas de imóveis em favor da empresa da família Richa tinham como origem as propinas recebidas em espécie pelos operadores financeiros Luiz Abi e Pepe Richa em nome de Beto Richa e, posteriormente, repassadas a Dirceu Pupo. Segundo o MPF, Luiz Abi administrava uma espécie de caixa geral de propinas e Pepe Richa arrecadava a propina diretamente de empresas que mantinham contratos com a Secretaria de Infraestrutura e Logística, dentre as quais as concessionárias de pedágio.