domingo, 3 de fevereiro de 2019

Rússia diz que pode restringir soja do Brasil por uso de pesticidas



 governo da Rússia informou ao Brasil que poderá suspender a importação de soja se os produtores brasileiros não reduzirem a quantidade de pesticidas – especialmente herbicidas com o ingrediente glifosato – nos grãos vendidos ao país.
O órgão informou ainda que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já foi comunicado de que deverá tomar providências urgentes para garantir o cumprimento dos regulamentos técnicos da União Aduaneira sobre a segurança dos grãos em termos de conteúdo de pesticidas nos produtos enviados à Rússia. A Rússia é o quinto maior importador da soja brasileira, ficando atrás da China, Espanha, Holanda e Irã.
Em nota, o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia ainda alertou sobre “possível introdução de restrições temporárias à importação de soja do Brasil em caso de falha do lado brasileiro em adotar medidas corretivas o quanto antes”.
Os russos destacam, na nota, o alto grau de toxicidade para humanos e animais do glifosato, um dos pesticidas mais usados na agricultura brasileira. Alguns países europeus, como Suécia e Dinamarca, baniram o uso do produto.
No Brasil, no entanto, o herbicida é defendido como essencial para manter a produção de larga escala da agricultura brasileira.
A maior parte da soja do Brasil é transgênica, resistente a herbicidas à base de glifosato.
Entre as empresas que comercializam a soja resistente ao glifosato está a Bayer, que comprou a norte-americana Monsanto.
A comandante do Ministério da Agricultura é a ministra Tereza Cristina (DEM-MS), que ficou conhecida como a “musa do veneno”, devido aos esforços da então presidenta da comissão especial da Câmara dos Deputados que aprovou o “Pacote do Veneno”, deixando-o pronto para votação no plenário. O Pacote tem como objetivo facilitar ainda mais o registro, produção, comercialização e aplicação de agrotóxicos.
O lobby do veneno ganhou muito espaço no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Na última terça-feira, 29, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), William Dib, disse que a agência precisa analisar a segurança dos agrotóxicos, mas que o país também “não pode virar as costas ao agronegócio”.
“Não podemos colocar em risco nem o consumidor nem o aplicador do agrotóxico. Mas também não podemos virar as costas. O Brasil hoje paga suas contas graças ao agronegócio, à exportação, a uma produção que, provavelmente, se retermos os agrotóxicos, não teríamos. Temos que fazer isso com bom senso e segurança”. (Com informações da FolhaPress)