terça-feira, 13 de novembro de 2018

Órgão ligado a ministério afirma que floresta amazônica encolheu 1,6 mil km2 na campanha eleitoral



Nos meses da campanha eleitoral – entre agosto e outubro deste ano –, o desmatamento na região amazônica cresceu 48,8%. A floresta perdeu mais de 1,6 mil km2 nesses três meses, área um pouco maior do que a do município de São Paulo.  Os números são do Deter B, projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que monitora o desmatamento em tempo quase real para subsidiar a fiscalização ambiental.
O desmatamento na Amazônia costuma aumentar em anos eleitorais com as promessas de políticos de legalização de terras griladas ou flexibilização à legislação ambiental caso sejam eleitos.
O principal aumento no desmatamento ilegal ocorreu na divisa entre o Acre e o Amazonas. O salto nesses estados foram de 273% e 114%, respectivamente. O principal culpado pelo resultado negativo é a pecuária.
Segundo o coordenador do programa de monitoramento, Cláudio Almeida, o salto de quase 50% preocupa. “A literatura mostra que diversos fatores levam a um aumento no desmatamento: especulação imobiliária, expansão da fronteira agropecuária, consolidação de infraestruturas regionais, como estradas e portos, e expectativas de desenvolvimento regional.”
No entanto, esse resultado não vai ser detectado pela taxa de desmatamento anual de 2018, porque o cálculo oficial é medido de agosto a julho do ano seguinte, ou seja, o desmatamento dos últimos três meses – que compreende o período de campanha eleitoral – só será contabilizado oficialmente no próximo ano.
O monitoramento da ONG Imazon, do Pará, também indica o crescimento do desmatamento. Em setembro, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou um crescimento de 84% em relação ao mesmo período do ano passado.
“São valores bastante altos comparados com o mesmo período do ano anterior, mas é cedo pra fazer qualquer tipo de inferência sobre os dados”, ressalva Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
As áreas de maior desmatamento são propriedades privadas ou áreas em diversos estágios de posse. Em seguida aparecem assentamentos de reforma agrária e unidades de conservação. O desmatamento em terras indígenas representa apenas 4% do total.
O levantamento aponta que o ritmo de desmate só não foi maior por causa das chuvas acima da média no período de análise. Com isso, a ocorrência de focos de incêndio, prática associada ao desmatamento, esteve abaixo da média histórica. (Com informações da FolhaPress)