sexta-feira, 30 de novembro de 2018

CCR faz acordo e cita doação via caixa 2 para Alckmin e Serra em São Paulo



A concessionária CCR, que atua no mercado de concessões de estradas, metrôs e aeroportos, afirmou ao Ministério Público de São Paulo que “doou” R$ 44,6 milhões para o caixa dois de políticos de São Paulo, em valores corrigidos. Entre os políticos estariam o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD) –futuro chefe da Casa Civil do governador João Doria (PSDB).
Os nomes, que estão sendo mantidos sob sigilo pelo MPF, foram revelados pela Folha de São Paulo a GloboNews. O esquema ocorreu entre 2009 e 2013.
No acordo de leniência para encerrar processo civil envolvendo a companhia e algumas de suas controladas, a empresa terá de pagar R$ 81,5 milhões. Desse valor, R$ 17 milhões serão usados para a reforma da biblioteca da Faculdade de Direito da USP. O pagamento será feito em duas parcelas, em março de 2019 e março de 2020.
Por ser concessionária de serviço público, a CCR é proibida por lei de fazer doações a partidos.
Alckmin
De acordo com a Folha, um montante de R$ 4,5 milhões foi entregue, segundo a empresa, a um cunhado de Alckmin, Adhemar Ribeiro. A Odebrecht também citou o cunhado como operador de recursos ilícitos para campanhas do tucano.
O valor destinado a Serra, de R$ 3 milhões, teria sido intermediado pelo empresário Marcio Fortes, também citado pela Odebrecht como operador do tucano.
Alckmin e Kassab já negaram que tenham recebido recursos ilícitos na sua campanha.
A doação via caixa dois visava conquistar a simpatia dos políticos para os pleitos da CCR junto ao governo, segundo declarações de executivos da CCR feita ao promotor José Carlos Blat, que negociou o acordo.
Nenhum dos executivos falou em contrapartida do governo para as doações, o que poderia caracterizar corrupção, um crime muito mais grave do que o caixa dois.
Se a Promotoria encontrar provas de que houve corrupção, o acordo será desfeito.