quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Médicos cubanos choram em despedida no interior de SP: 'É uma família que a gente deixa aqui'

Despedida dos médicos cubanos que atuavam em Bauru foi feita em clima de emoção  — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação


O clima de emoção marcou a despedida dos médicos cubanos das cidades do Centro-Oeste Paulista nesta terça-feira (20). Na região, 94 profissionais estrangeiros que atuavam na atenção básica de saúde deixaram os cargos no programa Mais Médicos e também deram adeus aos pacientes.

Somente em Bauru, a prefeitura informou que serão 3 mil consultas a menos todos os meses. Nesta quarta-feira (21), o Ministério da Saúde abriu as inscrições para preencher mais de 8,5 mil vagas no Mais Médicos.

Para a médica cubana Jaqueline Itarraguire, que trabalhava no distrito de Tibiriçá, em Bauru, sair do programa é difícil, ainda mais pela relação que desenvolveu com todas as pessoas com quem trabalhou.

"Tibiriçá é a minha família. Até hoje eles estão me ajudando, para eu fazer tudo certinho e não fique trsite. A gente está sozinho aqui, mas sempre me ajudaram, assim como eu ajudava eles. É uma família que a gente deixa aqui", conta.

A saída dos profissionais aconteceu após decisão tomada na semana passada pelo governo de Cuba, que anunciou a saída do país do programa Mais Médicos. A medida foi tomada após declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) consideradas como “depreciativas e ameaçadoras".

Em Bauru, os dez médicos do programa que atuavam na cidade se despediram durante uma coletiva de imprensa. As autoridades do município agradeceram os profissionais pelo seu trabalho prestado.

Segundo a Prefeitura de Bauru, com a saída dos profissionais a cidade a perde 13,97% da capacidade de atendimento, o equivalente a 400 horas semanais a menos de atendimento básico.

O município deixará de realizar 960 consultas médicas semanais e 3.840 consultas mensais nas áreas de pediatria, clínica médica e ginecologia. A cobertura na assistência da Atenção Básica passará de 40% para 26,03%.

A partir de agora, os municípios que contavam com esses profissionais fazem as contas e tentam reorganizar o sistema de atendimento à população. Foi pelo programa Mais Médicos, do governo federal, que os cubanos tinham a autorização para atuar em cidades brasileiras.