domingo, 17 de fevereiro de 2019

Condor associa mulher negra a vassouras e causa reação no Paraná



Uma campanha promovida pela rede de supermercados Condor, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, para vender vassouras em uma das lojas gerou reação de consumidores que apontaram racismo na ação. Vassouras vermelhas de cerdas pretas foram empilhadas diante de uma boneca negra de papel, com cabelos crespos, vestida de vermelho. A informação foi publicada pelo Paraná Portal
A foto foi compartilhada na quarta-feira (13) no perfil pessoal da jornalista Cíntia Velasco Capri, no Facebook, e já conta com mais de 8 mil reações, 2,7 mil comentários e outras centenas de compartilhamentos. “Minha publicação virou um show de horror”, narra Cíntia sobre os comentários que diminuem e ironizam a situação flagrante de racismo e machismo. 
Em nota de repúdio, o Movimento das Mulheres Negras de Ponta Grossa (Moolaadé) aponta que o estabelecimento construiu a representação da mulher negra com os “mais repulsivos estereótipos, que partem da sexualização do corpo, chega ao cabelo ‘de vassoura’, caminha pelo lugar de serviçal até chegar à ‘nega maluca'”. O documento também é assinado pelo Instituto Sorriso Negro.
“A imagem do negro e negra segue estereotipada e estigmatizada desde o século XIX em nossa sociedade. A sociedade não consegue se desprender da imagem da(o) negra (o) enquanto servil, mesmo depois da(o) negra(o) liberta (o)”, frisa o documento.
Na nota, os movimentos também citam a pesquisa de Representação de Negros e Negras na Publicidade de Catálogos de Lojas, de 2011, que apresentam que negros e negras aparecem, principalmente, em papéis estereotipados do período escravocrata como trabalhadores braçais, na hipersexualização da mulher, como carente social e em campanhas de doenças sexualmente transmissíveis.
Condor desmontou campanha
A campanha da loja já foi desmontada, segundo a assessoria de imprensa da Rede Condor. "O Condor Super Center afirma que nestes 45 anos de história sempre primou por atender aos clientes da melhor maneira possível, sempre pautado pela ética e no respeito pela diversidade. Com relação ao merchandising feito por um funcionário de uma empresa terceirizada, a rede destaca que retirou o material prontamente. Também foi conversado com o profissional, que se desculpou e deixou claro que jamais faria algo racista. Sendo assim, a rede destaca que não compactua com nenhum tipo de preconceito, que continuará trabalhando a favor da diversidade dentro de suas lojas e que as diferenças, sejam elas qual forem, devem ser respeitadas", diz em nota.