sábado, 25 de janeiro de 2020

Medo e revolta rondam Brumadinho um ano após a tragédia

Helicóptero do Corpo de Bombeiros e agentes da defesa civil trabalham no resgate dos corpos das vitimas encontrados em um ônibus de funcionários da VALE

Bombeiros ainda buscam por 11 das 270 vítimas atingidas pelo mar de lama que vazou da barragem da Vale em 25 de janeiro de 2019. Desastre continua fortemente presente na vida de familiares e sobreviventes.Valquíria Costa se emociona ao avistar a área onde trabalhou por três meses nas buscas das vítimas soterradas em Brumadinho. Ela mostra o muro de concreto recém-construído que agora esconde a visão do terreno por onde grande parte do mar de lama escorreu, em 25 de janeiro de 2019, após o colapso da barragem B1 da mina Córrego do Feijão, da Vale. Do outro lado, máquinas remexem o solo e abrem estradas a todo vapor.

O muro não consegue esconder a ponte que foi destruída. Por debaixo dela, o tsunami de rejeitos levou as colunas de sustentação, acabou com a paisagem e matou 270 pessoas, inclusive duas mulheres grávidas. Um ano depois da tragédia, 11 vítimas ainda não foram localizadas, e o trabalho dos Bombeiros segue ininterruptamente.

De costas para o muro, a ex-motorista de caminhão de uma terceirizada da Vale e bombeiro civil diz ter encontrado partes de corpos durante as buscas. O trabalho difícil tinha um objetivo: localizar o irmão desaparecido.

Wagner Miranda, de 38 anos, era operador de máquina numa outra unidade da Vale, mas no dia do rompimento foi chamado, excepcionalmente, para a mina Córrego do Feijão. "Ajudei a evacuar pessoas no meu bairro e vim para a área sem saber que meu irmão estava debaixo daquela lama toda", conta Valquíria à DW Brasil, apontando na direção da mina.