segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Guerra com Irã conseguiu desviar debate sobre impeachment de Trump


Trump em discurso
























Sejamos pragmáticos: essa é a guerra que o endiabrado Trump sonhava para desviar a atenção sobre o seu processo de impeachment. A guerra da empulhação. E todo mundo caiu nessa. Até o bajulador mandatário dos trópicos, o Messias Bolsonaro, que não entendeu nada das reais intenções do ídolo — ou entendeu e se deixou levar, típico dele! Um conflito armado contra os inimigos terroristas (o marketing nesse sentido pega bem) poderá, torce e imagina Trump, levar ao alinhamento automático dos conterrâneos em torno de sua liderança, às vésperas da eleição.

E aí acabam as resistências e a batelada de denúncias, que ganham o rumo do escanteio, do quase esquecimento. É o que o beligerante chefe do mundo livre precisa no momento. Trump tem razões políticas pessoais, mais do que de qualquer outra natureza, para essa provocação desmedida ao regime dos aiatolás. E leva o mundo junto. Ingleses enviaram navios para a região do Golfo. Chineses, russos e demais europeus também entraram na praça de combate. Alertas, ameaças, críticas partem de lado a lado e no xadrez da diplomacia as peças vão se movendo estrategicamente.

O único peão suicida a pular casas na frente, de improviso, sem qualquer noção do que está em jogo em seu prejuízo, é o governo brasileiro. Bolsonaro no papel de estafeta foi logo emprestando apoio e incentivo às ações fora de tom do presidente americano — criticadas inclusive por seu staff militar e por aliados políticos. Sem nenhuma razão concreta para tanto, o capitão do Planalto voltou a prestar vassalagem incondicional ao líder yankee. E foi repreendido. Inclusive pelos parceiros iranianos, que pediram explicações. Diplomatas tiveram de, em seu nome, contemporizar. Remendar o estrago. E nem poderia ser diferente. Alguns dirão que a opção de Bolsonaro de tomar um lado é correta. Apelam à visão desvirtuada e maniqueísta de uma disputa entre o bem e o mal para sustentar o argumento.

Fonte: Último Segundo