sexta-feira, 14 de junho de 2019

Em conversa vazada, Moro antecipa destino da ação de Lula e fala em limpeza no Congresso

O ministro Sergio Moro

O site The Intercept Brasil soltou na noite desta quarta-feira (12) mais um trecho das conversas entre o ex-juiz e hoje ministro da Justiça Sergi Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR). A conversa entre os dois, feita no aplicativo de mensagens Telegram, foi obtida com exclusividade pelo The Intercept.
“É sob essa lógica (o princípio de máxima transparência possível) que decidimos publicar hoje (quarta-feira) a íntegra dos diálogos privados relevantes à reportagem publicada no domingo, que são claramente de interesse público. As conversas ocorreram de outubro de 2015 a setembro de 2017”, diz o Intercept.
Entre os trechos publicados pelo site, Moro falou sobre a ação penal que envolvia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando Dilma Rousseff ainda era a presidente e pretendia nomear Lula como ministro. No dia 13 de março de 2016, às 20h50, Moro mandou a seguinte mensagem a Deltan: “Nobre, isso não pode vazar, mas é bastante provável que a ação penal de São Paulo seja declinada para cá se o LL (Lula) não virar Ministro antes”. Deltan agradeceu e elogiou a atuação de Moro. “Você hoje não é mais apenas um juiz, mas um grande líder brasileiro (ainda que isso não tenha sido buscado). Seus sinais conduzirão multidões, inclusive para reformas de que o Brasil precisa, nos sistemas político e de justiça criminal. Sei que vê isso como uma grande responsabilidade e fico contente porque todos conhecemos sua competência, equilíbrio e dedicação”.
Em outro trecho, Moro sugere que o Congresso Nacional precisa de uma limpeza. “Ainda desconfio muito de nossa capacidade institucional de limpar o Congresso. O melhor seria o congresso se autolimpar, mas isso não está no horizonte. E não sei se o STF tem força suficiente para processar e condenar tantos e tão poderosos”.
Deltan responde: “Preciso que você assuma mais as 10 medidas (contra a corrupção) ou outras mudanças em que acredite também, se entender que isso não trará problemas sérios. A sociedade quer mudanças, quer um novo caminho, e espera líderes sérios e reconhecidos que apontem o caminho. Você é o cara. Não é por nós nem pelo caso (embora afete diretamente os resultados do caso), mas pela sociedade e pelo futuro do país”.