quinta-feira, 13 de junho de 2019

Casas Bahia são vendidas e retornam às mãos de seu dono original

Divulgação

O conselho de administração do GPA (Grupo Pão de Açúcar) aprovou a venda do controle da Via Varejo que detém as marcas Casas Bahia e Ponto Frio para o empresário Michael Klein.
Em comunicado ao mercado, o grupo informou nesta quarta-feira (12) que o conselho de administração do GPA concordou em vender todas as ações detidas pela companhia na Via Varejo em leilão na B3, pelo preço mínimo de R$ 4,75.
Na véspera, ainda segundo o comunicado, o GPA havia recebido uma carta de Klein comunicando que, caso a Companhia vendesse as ações na Bolsa, ele faria individualmente (direta ou indiretamente) e em conjunto com outros investidores ordens de compra para comprar os papéis pelo preço máximo de R$ 4,75 cada.
Com o negócio, as Casas Bahia voltam para a família fundadora da rede. Então já sob a gestão de Michael Klein, a rede havia sido vendida em 2009 para o Grupo Pão de Açúcar.
Conforme havia antecipado a Folha de S.Paulo em março, a família Klein já vinha discutindo a chance de aumentar sua presença no conselho da empresa. Na época, a ideia era que a expansão fosse feita por Raphael Klein, filho de Michael, que não admitia a movimentação.
Procurado pela reportagem na ocasião, Michael dizia que os Klein tinham 25% da Via Varejo, com direito a duas cadeiras no conselho, e que uma terceira dependeria de aumentar seu percentual de ações, algo que estava fora do radar, segundo ele.
Michael Klein é filho de Samuel Klein, empresário polonês que criou as Casas Bahia. É ele quem administra os negócios da família, reunidos em torno do grupo CB, cujo foco está nas áreas de imóveis, aviação executiva e participação em outras empresas.
O empresário não quis comentar a aquisição.

PRIMEIRA LOJA

A primeira Casa Bahia foi fundada em 1957 pelo pai de Michael, Samuel, que morreu em 2014, aos 91 anos.
Nascido em 1923 no vilarejo polonês de Zakilikof, próximo de Lublin, onde cresceu, Samuel Klein teve uma infância de privação e, durante a Segunda Guerra Mundial, chegou a passar dois anos no campo de concentração de Majdanek. Conseguiu fugir em 1944.
Terminado o conflito, passou a morar na Alemanha. Aprendeu o ofício do pai marceneiro, mas logo percebeu que ganharia mais atendendo às necessidades das tropas aliadas: vendia vodca a russos e cigarros a americanos.
Foi assim que juntou algum dinheiro para deixar o país em 1952 com a mulher, Anna, e um filho de dois anos, Michael. Após uma breve experiência fracassada na Bolívia, chegaram ao Brasil. Se estabeleceram em São Caetano do Sul (SP).
Com uma carroça e uma lista com 200 fregueses do mascate que passou o negócio adiante, e sem falar português, começou a revender cobertores e toalhas a nordestinos imigrantes que chegavam aos milhares à região do ABC para trabalhar na nascente indústria automobilística.
Em 1957, quando multiplicou por dez a clientela inicial, abriu sua primeira loja. Os fregueses, chamados de "baianos" pelos paulistas, deram o mote para o estabelecimento: Casa Bahia. O singular logo teria que ser corrigido para refletir o número crescente de lojas. Ao longo das décadas seguintes, as Casas Bahia se espalhariam pelo país, principalmente após o Plano Real, em 1994.