domingo, 17 de março de 2019

Dupla acusada de matar Marielle vira ré por homicídio triplamente qualificado



O juiz Gustavo Kalil, do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou réus o sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-policial Élcio Queiroz, acusados de executar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, há um ano.
Presos preventivamente, Lessa e Anderson responderão à ação penal por duplo homicídio triplamente qualificado.
Na decisão, o juiz Gustavo Kalil, do 4º Tribunal do Júri do Rio, autorizou em caráter urgente e provisório o pedido de transferência dos acusados para penitenciária federal de segurança máxima.
O juiz também determinou o arresto de todos os bens móveis e imóveis em nome dos Ronnie e Élcio, até o limite dos valores requeridos a título de indenização pelo Ministério Público estadual.
Depoimento
A dupla foi chamada a depor no fim da tarde desta sexta-feira. Conforme já tinha sido adiantado pelas defesas dos dois, eles, de fato, mantiveram-se em silêncio durante a oitiva e afirmaram que só irão falar em juízo.
Ronnie e Élcio deixaram a delegacia em seguida, rumo ao IML, para fazer corpo de delito e, em seguida, serão levados para o presídio Bangu 1. Na penitenciária, eles ficarão em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) até autorização do Governo Federal para a transferência deles para um presídio federal de segurança máxima – que ainda será definido pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Depósito de R$ 100 mil
A investigação apontou relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificou um depósito em dinheiro, na boca do caixa, de R$ 100 mil na conta de Ronnie Lessa, no dia 9 de outubro de 2018, feito pelo próprio.
A ação relata que a Divisão de Homicídios da Polícia Civil começou a investigar o sargento reformado após ter recebido denúncia anônima, em outubro de 2018, informando que o crime teria sido encomendado por R$ 200 mil.
Bens e laranja
De acordo com a denúncia, a partir de quebra de dados telemáticos, foi descoberto nos documentos de Ronnie uma nota fiscal referente a uma lancha, com a suspeita de que o sargento reformado estaria tentado ocultar o patrimônio, utilizando-se de outra pessoa, ou seja, um “laranja”
Lessa também tinha várias armas e dois carros, um deles no valor de R$ 150 mil.
O sargento morava num condomínio luxuoso na Barra da Tijuca, Zona Oeste, o que seria incompatível com a remuneração dele como policial militar reformado. Além disso, tem uma casa luxuosa em Angra dos Reis.