quinta-feira, 28 de março de 2019

Beto Richa pede que ação da Lava Jato vá para Justiça Eleitoral

Richa: advogados alegam que denúncia aponta supostas doações eleitorais através de caixa 2

Os advogados do ex-governador Beto Richa (PSDB) entraram com defesa prévia pedindo que a Justiça Federal do Paraná seja declarada incompetente para julgar a ação penal que ele responde na 23ª Vara Federal, na operação Integração, que investiga um esquema de propina de concessionárias de pedágio. No recurso (veja a íntegra), a defesa do tucano pede que a ação seja encaminhada à Justiça Eleitoral, já que a denúncia do Ministério Público Federal apontaria suposto crime de lavagem de dinheiro oriundo de doações eleitorais recebidas através de caixa dois de campanha.
“O colaborador Nelson Leal Junior declara que 'que a relação estreita da empresa com a cúpula do governo ocorria graças às generosas doações de campanha que ela fazia ao sr. Carlos Alberto Richa; Que essas doações eram realizadas muitas vezes por ‘caixa dois’ (...) Que, apesar das conversas em tais reuniões não serem diretas, sempre ficou claro para o colaborador que a pressão exercida pelo Governo para que o aditivo fosse celebrado o quanto antes existia porque a empresa Econorte e Triunfo eram grande financiadoras das campanhas de Carlos Alberto Richa, sobretudo por intermédio de doações via caixa dois”, cita a defesa, referindo-se ao ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (Detran/PR), Nelson Leal Júnior, que fez acordo de delação premiada com o MPF. 
Os advogados do tucano pediram ainda que a denúncia seja rejeitada, alegando que a denúncia traz argumentos genéricos, e não apontam provas de que Richa tenha participado dos supostos crimes indicados. A defesa do ex-governador relaciou oito testemunhas no processo, entre elas, o primo de Richa, Luiz Abi Antoun, que está no Líbano desde 22 setembro de 2018; o ex-delegado da Receita Estadual, José Luiz Favoreto Pereira, condenado na Operação Publicano e o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSB).
A denúncia do MPF aponta ainda a mulher de Richa e ex-secretária de Estado da Família, Fernanda Richa, o filho, André Vieira Richa, e o contador da família Dirceu Pupo Ferreira. Segundo a investigação, a família do ex-governador teria ocultou R$ 930 mil pagos em espécie na compra de um terreno em condomínio de luxo, no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, no final de 2012.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o dinheiro seria resultado do esquema de cobrança de propina das concessionárias do pedágio em troca de superfaturamento e cancelamento de obras, e aumento de tarifas.