terça-feira, 19 de março de 2019

Bolsonaro 'me tornou inimigo', diz Jean Willys



Jean Wyllys sabe que não voltará tão cedo ao Brasil. O presidente Jair Bolsonaro "me tornou uma espécie de inimigo", afirmou o ex-deputado que se viu obrigado a abrir mão de seu mandato no Congresso após receber ameaças de morte.
"Eu recibia ameaças de morte por telefone, pelas redes sociais por e-mail. Começaram, inclusive, a me ameaçar nas ruas", conta esse ativista dos direitos LGBT em uma entrevista à AFP em Paris.
En janeiro, o político de esquerda de 45 anos, primeiro deputado abertamente homossexual do Congresso do Brasil, renunciou a assumir seu terceiro mandato diante do número crescente de ameaças que recebia desde a eleição do presidente de ultradireita Jair Bolsonaro.
Bolsonaro e Wyllys tiveram uma briga em abril de 2016, durante os debates sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando o deputado do Rio de Janeiro cuspiu na cara do então deputado Bolsonaro, depois que ele elogiou o torturador Brilhante Ustra.
Após a eleição do presidente Bolsonaro, conhecido por numerosos comentários homofóbicos, as ameaças "se intensificaram".
O governo fez "uma campanha difamatória contra mim com fake news, calúnias que tornavam os espaços todos vulneráveis". "Jair Bolsonaro me tornou uma espécie de inimigo, mas não era adversário político, era inimigo dele", relatou Jean Wyllys, vestido com um suéter vermelho.