terça-feira, 27 de abril de 2021

Ministro da Saúde admite preocupação com falta de vacinas contra a Covid para a 2º dose


 














O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira, 26, que há preocupação sobre a falta da 2ª dose da vacina Coronavac. Em audiência pública no Senado, ele citou atrasos na entrega de novos lotes do imunizante envasado pelo Instituto Butantan. Sem entrar em detalhes, o ministro disse que irá divulgar nota técnica sobre a aplicação da vacina neste cenário.

No fim de março, o governo federal passou a orientar que não era mais preciso reservar metade dos lotes da Coronavac para garantir a segunda dose. No último dia 13, a Saúde disse que mais de 1,5 milhão de pessoas não retornaram para receber o complemento da vacinação dentro do prazo. "Agora, em fase de retardo do insumo, há dificuldade com essa segunda dose", disse o ministro. Segundo Queiroga, nova entrega da Coronavac só deve ocorrer em 10 dias.

O ministro citou decisão da Justiça para garantir o estoque da vacina complementar em João Pessoa (PB). "Só que, se todos judicializarem, não tem doses para todo mundo. Não é a judicialização que vai resolver esse problema", declarou.

O ministério tem cobrado que municípios se organizem para garantir que o intervalo entre as aplicações das vacinas da covid-19 seja respeitado. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado no último dia 16, cerca de 1.426 municípios não reservaram a segunda dose da vacina. A entidade recebeu cerca de 3 mil respostas sobre o tema.

Queiroga também disse aos senadores que mudanças feitas por prefeitos e governadores na ordem de prioridades da vacinação atrapalham a campanha nacional contra a covid-19. O ministro pediu respeito à lista elaborada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). "Ocorre que na 'bipartite' (reunião entre Estados e municípios), às vezes se muda orientação para incluir um grupo ou outro. Isso termina por alterar a harmonia do nosso programa. Atrapalha o processo de vacinação", disse o ministro.

Segundo Queiroga, não há razão para criar polêmica sobre a diferença entre vacinas distribuídas e já utilizadas, pois muitas foram reservadas para a segunda aplicação ou estão em rota de entrega até os municípios. "Tudo o que não precisamos nesse momento é polêmica", disse. Essa diferença tem sido usada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para criticar o desempenho de governadores de prefeitos.

Uso de máscaras

O ministro foi questionado por senadores sobre as aglomerações promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro, além da falta de campanha eficaz de comunicação do governo federal sobre o uso de máscara e o distanciamento social. Na sua resposta, Queiroga ignorou o comportamento do presidente e disse que as campanhas devem ser ampliadas. "A gente ainda não conseguiu convencer a população brasileira em relação aos malefícios dessas aglomerações fúteis", afirmou.

Na semana passada, o ministro acompanhou Bolsonaro em agendas em Manaus (AM) e Belém (PA). O presidente desrespeitou o distanciamento social e se aglomerou com apoiadores, mesmo após o governo do Amazonas alertar sobre risco de nova alta da doença no Estado.

Queiroga chegou a citar que o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) andava de bicicleta, sem máscaras, no momento da audiência, mas ponderou que não era uma crítica. O senador, então, disse que há "muita dúvida" sobre a possibilidade de dispensar a máscara ao praticar esportes em locais abertos. "A gente não sabe, porque não há uma campanha, como deveria ter", disse Izalci. Queiroga respondeu que há "controvérsia" sobre a "real utilidade" da máscara nessas situações, mas que o ministério irá editar um protocolo como se comportar em transportes públicos, por exemplo.

A reunião no Senado ocorreu na véspera da escolha de presidente e relator da CPI da Covid-19. Queiroga esteve na sessão por cerca de 1 hora. Em seguida, deixou seus auxiliares respondendo aos questionamentos dos parlamentares. Presidente da comissão mista da covid-19, senador Confúcio Moura (MDB-RO) disse que o ministro teve de deixar o debate para se reunir com a Pfizer. Ao deixar a audiência, Queiroga afirmou que iria a uma agenda no Palácio do Planalto. O governo negocia a compra de 100 milhões de vacinas para a covid-19 da empresa para a campanha de 2022.

Queiroga afirmou que há uma redução de casos e óbitos da covid-19 no Brasil, mas não mostrou dados sobre o cenário da pandemia. Ele reconheceu que os números ainda são "muito elevados". O ministro também disse que a escassez de oxigênio medicinal "não tem sido tão forte como foi há 1 mês" e prometeu a entrega de mais medicamentos usados para a intubação de pacientes graves da covid-19.