segunda-feira, 19 de abril de 2021

Genes humanos que lutam contra o Sars-CoV-2 são identificados em estudo


 













Um grupo de genes humanos que combatem a infecção por Sars-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, foi identificado em um novo estudo do Instituto Sanford Burnham Prebys, dos Estados Unidos. A descoberta foi publicada na revista científica Molecular Cell.

De acordo com Sumit K. Chanda, diretor e professor do Programa de Imunidade e Patogênese do Sanford Burnham Prebys, o objetivo da pesquisa era compreender como as células humanas reagem ao novo coronavírus e quais fatores determinam a força de uma resposta à infecção. “Tivemos novos insights sobre como o vírus explora as células humanas que invade, mas ainda estamos procurando seu ‘calcanhar de Aquiles’ para que possamos desenvolver antivirais adequados”, ele explicou em um comunicado.

Chanda e sua equipe iniciaram sua pesquisa após perceberem que alguns dos casos mais graves da Covid-19 estavam relacionados a uma atuação fraca dos interferons, glicoproteínas que agem na defesa do nosso organismo. Assim, com base no que a ciência já havia descoberto sobre o Sars-CoV-1, que teve um surto entre 2002 e 2004 e é semelhante ao Sars-CoV-2, os pesquisadores conduziram experimentos para identificar genes ativados por esses proteínas (ISGs, na sigla em inglês), que combatem a infecção do coronavírus controlando a replicação dele.

Os cientistas acabaram encontrando 65 ISGs que controlaram a infecção por Sars-CoV-2 – alguns desses genes, inclusive, impediram o vírus de entrar nas células e evitaram a fabricação de RNA, que seria essencial para o patógeno. “O que também foi muito interessante foi o fato de que alguns dos ISGs exibiram controle sobre vírus sem relação [com a Covid-19], como o da gripe sazonal, o da febre do Nilo Ocidental e o HIV, que leva à Aids”, adicionou Chanda.

Laura Martin-Sancho, pesquisadora associada no laboratório de Chanda e autora principal da pesquisa, tambem explicou que foram identificados oito ISGs que inibem a replicação do Sars-CoV-1 e do Sars-CoV-2 no compartimento subcelular que é responsável pelo empacotamento de proteínas. Isso indica que essa área pode ser explorada para limpar a infecção viral. “Essa é uma informação importante, mas ainda precisamos aprender mais sobre a biologia do vírus e investigar se a variabilidade genética dentro desses ISGs se relaciona com a gravidade da Covid-19”, apontou a cientista.

Com isso, os pesquisadores já começaram a coletar variantes do Sars-CoV-2 para levarem sua pesquisa adiante. “É de vital importância não interromper os esforços de estudo agora que as vacinas estão ajudando a controlar a pandemia”, observou Chanda. “Chegamos muito longe rapidamente por causa do investimento em pesquisa fundamental que foi feito no Sanford Burnham Prebys e em outros lugares, e nossos esforços contínuos serão especialmente importantes quando – e não se – outro surto viral ocorrer.”

Galileu