quarta-feira, 21 de abril de 2021

Subprocurador do TCU volta a pedir afastamento de Ricardo Salles, agora por avanço do desmatamento na Amazônia

 

Depois de pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) o afastamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na esteira da requisição de investigação feita pela Polícia Federal contra ele por crime ambiental, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado voltou a representar pela saída do ministro nesta segunda-feira, 19, agora em razão do aumento dos índices de desmatamento da Amazônia.

No documento, o subprocurador diz que decidiu acionar novamente o tribunal após ter sido notificado por membros do Exército. “Cumprimento as Forças Armadas, em especial o Exército Brasileiro, posto que a motivação dessa representação advém de elementos trazidos a meu gabinete de integrantes desse órgão”, escreve.

Ao TCU, Furtado fala em ‘omissão’ e ‘descaso’ do governo federal na implementação de políticas de proteção ao meio ambiente e lista representações anteriores em que ele próprio denunciou indícios de irregularidades na gestão ambiental.

“As condutas supostamente criminosas do ministro do Meio Ambiente, quando avaliadas sob a ótica do controle externo, também configuram atos de gestão ilegais, ilegítimos, antieconômicos e com infração à norma legal”, escreve o subprocurador. “O cenário é crítico e essa Corte de Contas não pode ser omissa quanto aos reiterados indícios de descuido do atual Governo com o meio ambiente”, segue.

O pedido é para que o Tribunal de Contas da União mande a Casa Civil afastar Salles até segunda ordem e, no meio tempo, analise o mérito das acusações contra o ministro.

Em paralelo, o subprocurador pede a abertura de uma frente de apuração sobre as medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro em defesa do patrimônio ambiental. “Em especial os indícios de omissão e de descaso do atual governo, diante dos aumentos na taxa anual de desmatamento da Amazônia”, pede.

A situação de Salles piorou após a troca na chefia da Polícia Federal no Amazonas. O ex-superintendente, Alexandre Saraiva, foi tirado do cargo depois de enviar ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o ministro, acusado de obstruir investigação ambiental e favorecer madeireiros investigados pela corporação. Ao Estadão, o delegado negou ter sido comunicado sobre a exoneração antes de apresentar a denúncia.

ESTADÃO