sexta-feira, 16 de abril de 2021

Anvisa e MPPR apuram denúncias de frascos de vacina Coronavac com doses a menos

 


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está apurando a suspeita de que lotes da vacina contra a covid-19 Coronavac tenham sido entregues entre março e abril com quantidade inferior à informada. Quase a totalidade das denúncias se refere ao imunizante fornecido pelo Instituto Butantan, mas também há relatos envolvendo o imunizante desenvolvido pela Universida de Oxford com a Astrazeneca. A situação foi relatada por governos, prefeituras e conselhos de secretarias de Saúde de ao menos 15 Estados e do Distrito Federal. Ela também é investigada pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), embora o Instituto Butantan negue falhas no envasamento da vacina e atribua o problema à extração incorreta do conteúdo antes da aplicação.

A Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública do Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou, nesta quinta-feira (15), que abriu um procedimento chamado notícia de fato para investigar a informação de que frascos da vacina CoronaVac foram enviadas com quantidades menores de imunizante que as descritas na embalagem. Além de Curitiba,  outras seis prefeituras do estado identificaram frascos que tiveram rendimento menor de aplicação: Londrina, Cianorte, Foz do Iguaçu, Umuarama, Ponta Grossa e Cascavel também relataram o problema. Em nota, a instituição disse que, se comprovada a falha, ela "prejudicaria o cumprimento do calendário municipal de imunização elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba".

Os relatos são de frascos com menos do que as 10 doses previstas, de 0,5 ml cada. Alguns municípios chegaram a informar ter recebido ampolas com material suficiente para apenas sete aplicações, o que gerou até mesmo a suspensão parcial de campanhas de vacinação. Os possíveis motivos apontados por Estados são a autorização do uso de ampolas de 5,7 ml, em vez das de 6,2 ml, em março, diminuindo a quantia excedente de "segurança", e a dificuldade de acesso a seringas de "alta performance", a fim de reduzir as perdas.

Na terça-feira, 13, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) divulgou ter procurado a Procuradoria Geral da República para solicitar a abertura de um inquérito para apurar a situação. "É preciso investigar! Cada dose de vacina é importante", disse em rede social. O Estadão não obteve retorno da instituição até o fechamento desta reportagem.

Em nota, a Anvisa apontou ter observado um "aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas", o que está sendo investigado "com prioridade" pela área de fiscalização. Também disse que "todas as hipóteses estão sendo avaliadas" e que a situação é considerada de "baixo risco", "por não haver risco de óbito, de causar agravo permanente e nem temporário".