quinta-feira, 15 de abril de 2021

Casal de médicos ignora protocolos e ministra nebulização de cloroquina em maternidade de Manaus; Há relatos de mortes

 


Após passar por um parto de emergência em meados de fevereiro, Jucicleia de Sousa Lira, 33 anos, seguiu lutando contra a Covid-19 no IMDL (Instituto da Mulher e Maternidade Dona Lindu), hospital público estadual em Manaus. Cleisson Oliveira, 30 anos, pai da criança, já apreensivo com a situação da esposa levou um susto ao vê-la recebendo um tratamento inusitado.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, que apurou e noticiou a história, Cleisson recebeu imagens da esposa durante uma sessão de nebulização de hidroxicloroquina, procedimento que não tem eficácia comprovada no combate à Covid-19.

A OMS ressalta ainda que o tratamento experimental baseado no medicamento ineficaz contra o novo coronavírus pode gerar reações adversas.

Segundo traz o jornal, Jucicleia só piorou depois de receber a nebulização, até que no início de março, a técnica em radiologia faleceu 27 dias após o nascimento do primeiro filho. De acordo com a Folha de S. Paulo, o hospital informou à família que a causa foi infecção generalizada em decorrência da Covid-19.

A nebulização da hidroxicloroquina já é um tratamento suspeito de ter causado mortes na Região Sul do país. Recentemente, o método foi exaltado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma das suas lives semanais.

A ginecologista e obstetra paulistana Michelle Chechter é a responsável pela nebulização da hidroxicloroquina. Ela atuou na capital amazonense com o marido, o também médico Gustavo Maximiliano Dutra. A paulistana foi a autora das imagens da sessão de Jucicleia recebeu o tratamento.

O viúvo garante não ter sido avisado, durante as conversas no hospital com a doutora Chechter, sobre a nebulização ou o vídeo.

Ele só descobriu que a esposa havia assinado uma autorização ao ser informado pela Folha, em 8 de abril. São três parágrafos curtos com quatro erros gramaticais e de grafia. No documento, a paciente dá aval ao tratamento e autoriza o uso do depoimento gravado na UTI, além do relato do casa em uma revista científica.

A doutora foi procurada pelo jornal no Centro Médico Mazzei, em São Paulo, onde trabalha. A resposta veio por meio de uma mensagem de uma funcionária que afirmou: "Dra Michelle disse para deixar assim mesmo porque no momento ela está sem tempo”.