terça-feira, 3 de setembro de 2019

BRDE teme mudanças do governo Bolsonaro no BNDES

Lipski: “Não podemos depender só do mercado”

Mudanças ventiladas por integrantes do governo Jair Bolsonaro na forma de concessão de recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) preocupam o principal banco de fomento do Sul do País. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul tem hoje 70% de seu caixa formado por dinheiro do BNDES.
Há pelo menos dois anos a diretoria do BRDE tenta diminuir essa dependência, que já chegou a 99,3% de seus recursos de fomento. Hoje, BRDE espera reduzir esse número para 55%, buscando novos financiadores, principalmente internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Europeu de Investimentos (BEI), a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), o Banco Mundial, além de nacionais como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Há ainda uma nova política que deve ser adotada em breve, principalmente para financiar micro e pequenas cooperativas, que é o uso dos lucros do BRDE para cumprir seu papel de fomento. Na última semana, o BRDE divulgou seu balanço semestral apontando que encerrou o primeiro semestre deste ano com R$ 1,1 bilhão em operações de crédito contratadas. O montante representa um crescimento de 35,1% em comparação com igual período do ano anterior. O receio de um BNDES mais enxuto e uma nova estratégia de redução de dependência devem colocar à prova estratégias menos conservadoras para manter o crescimento do banco que é constante. O lucro líquido apurado pelo BRDE no primeiro semestre de 2019 foi de R$ 109,6 milhões, o que representa um incremento de 66,7% em relação a igual período do ano anterior. Este é o melhor desempenho do primeiro semestre na história do banco.
Também houve, segundo o balanço, redução do índice de inadimplência (a partir de 90 dias), passando de 2,84% no primeiro semestre de 2018 para 0,88% ao fim de junho de 2019. “Não é esse cenário conservador que faz com que nós tenhamos uma carteira com baixa inadimplência”, pontua o diretor de operações do BRDE, Wilson Bley Lipski, ao anunciar novas modalidades de financiamento consideradas de maior risco. “O banco não pode esquecer sua finalidade que é fomentar. Isso nos motiva de uma forma diferente de outros bancos”, afirma.