sábado, 28 de setembro de 2019

Ceará contabiliza 90 ataques e 94 presos, no 8º dia da onda de violência no Estado

Ônibus de transporte de funcionários incendiado na região metropolitana de Fortaleza. Foto: João Dijorge/Photo Press/Folhapress

Desde a última sexta-feira (20), o estado do Ceará foi alvo de pelo menos 90 ocorrências de ataques de criminosos ligados a facções que têm sido minadas pela adoção de medidas mais rigorosas contra o crime organizado dentro dos presídios cearenses. Neste 8º dia da onda de violência, a Polícia Civil colocou mais de 120 homens nas ruas, deteve 14 pessoas, e o estado contabiliza 94 detidos, entre adultos e adolescentes.
Os ataques registrados em todo o Ceará ocorreram por meio de incêndios de coletivos, prédios públicos e privados e veículos particulares. A frota de ônibus de Fortaleza foi reduzida no início da semana, e os veículos circulavam com policiais militares dentro.
Além das prisões desta sexta, armas foram apreendidas na operação Eirene, em referência à deusa grega que personifica a paz.
O secretário da Secretaria da Segurança, André Costa, afirmou que a recente onda de violência é uma reação de detentos ao ‘fim de regalias’ nos presídios cearenses. Ao todo, 257 presos foram transferidos como “forma preventiva e tática” para combater os atentados. Dez chefes de facção envolvidos nos casos foram encaminhados de penitenciárias estaduais a presídios federais.
Costa disse que os detidos de hoje têm ligações com homicídios e que o Bairro Papicu, na capital Fortaleza, é uma região de onde a polícia sabe que partiram as primeiras ordens para as recentes ações criminosas.
“O indivíduo [preso] chefiava o tráfico lá na região, uma região que sabemos que partiram as primeiras ações criminosas nessa atual onda de ações e então tivemos pessoas a nível de serem mandantes e também executores de homicídios”, afirmou o secretário.
Mandados de prisões contra líderes da facção responsável pelos ataques foram cumpridos ontem (26) em operação da Polícia Federal. E um dos alvos do mandado foi um presidiário que estava detido em Pernambuco; na cela dele, policiais encontraram um telefone celular.
Sem limites, contra fim de regalias
A ousadia do crime organizado resultou em explosões em torres de transmissão de energia, em maio, relacionadas aos ataques registados entre janeiro e fevereiro no Ceará. Foram mais de 260 ações criminosas contra coletivos, prédios públicos, agências bancárias, viadutos e comércios, em pelo menos 50 dos 184 municípios cearenses.
O estopim da revolta dos criminosos foi a nomeação do secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, pelo governador Camilo Santana, em janeiro. O novo secretário adotou medidas que aumentaram o rigor dentro dos presídios cearenses, como vistorias frequentes, retirada de tomadas das celas e suspensão de visitas íntimas.