segunda-feira, 26 de junho de 2017

Pesquisa de diabete avança e já livra paciente de insulina por mais de 10 anos

Reprodução/Pixabay

Cientistas do mundo todo estão trabalhando em diversas frentes para "aposentar" a insulina e as medições de glicemia com picadas, o que daria mais bem-estar a 18 milhões de pessoas só no Brasil que sofrem com diabete - que cresceu 62% só na última década. Um trabalho pioneiro do País, que entra em nova fase, já deixa pacientes sem a medicação há mais de dez anos.

Cerca de 90% dos casos são de diabete do tipo 2, que ocorre por resistência à ação da insulina e tem a obesidade entre as principais causas. Os casos restantes são de diabete tipo 1, uma doença autoimune que leva o sistema imunológico a atacar o pâncreas do paciente, destruindo as células beta, que produzem insulina. Agora novas pesquisas envolvem terapia com células-tronco, implante de células pancreáticas artificiais, bombas eletrônicas de insulina, aplicação por via oral ou nasal e monitoramento da glicemia por escaneamento.

Hoje é o Dia Nacional do Diabete. E uma das iniciativas de maior impacto no tratamento de diabete tipo 1 vem sendo desenvolvida por cientistas brasileiros desde 2003 na Unidade de Terapia Celular do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). O método foi idealizado por Júlio Voltarelli e, após sua morte, em 2012, passou a ser defendido pelo endocrinologista Carlos Eduardo Couri. "Conseguimos algo que ninguém imaginava ser possível: suspender a insulina de pessoas com diabete tipo 1", diz ele.

Segundo Couri, o tratamento começa com a coleta de células-tronco da medula óssea do paciente. Em seguida, uma agressiva quimioterapia é usada para destruir o sistema imunológico. As células-tronco são então reintroduzidas no paciente, "reiniciando" o sistema imunológico, que para então de atacar o pâncreas, eliminando a necessidade de injeções de insulina. "Na primeira fase do estudo, entre 2003 e 2011, tratamos 25 pacientes e 21 pararam de usar insulina, um resultado inédito no mundo. A longo prazo, porém, apenas dois permanecem sem precisar das injeções", explica.