segunda-feira, 26 de junho de 2017

Registros de homicídios LGBT crescem 50% e batem recorde no Paraná



Curitiba recebeu ontem a segunda edição da Marcha pela Diversidade. O evento, que marcou o encerramento da Semana da Diversidade, reuniu cerca de três mil na região central da cidade em um manifesto contra a violência e pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. O momento, inclusive, não poderia ser mais oportuno para a manifestação.

Segundo informações do Grupo Gay da Bahia (GGB), que mantém o site Homofobia Mata, no primeiro semestre deste ano o Paraná registrou um número recorde de “homocídios”. Foram 12 ocorrências noticiadas até ontem, o que dá uma média de dois casos por mês e representa uma alta de 50% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando haviam sido oito casos.
Desde 2011, quando teve início a série histórica, o estado registrou um total de 90 homocídios. Número que só não é maior porque os crimes homofóbicos não são tipificados (ou seja, previstos em lei), o que dificulta o registro estatístico das ocorrências e enseja o fenômeno da subnotificação. O GGB, por exemplo, faz seus levantamentos com base em notícias publicadas em jornais de todo o país, já que não há nenhum tipo de registro oficial sobre esses casos.
Entre os municípios, Curitiba é a “campeã” em ocorrências, com 27 homocídios, dos quais cinco foram registrados neste ano. Chama a atenção, ainda, a violência registrada em cada um dos episódios. Embora a maior parte das ocorrências no Paraná envolvam arma de fogo (39,2%), os casos de facadas (23%), asfixia ou afogamento (9,5%), espancamento (5,4%), apedrejamento (5,4%) e tortura (4%) também são recorrentes.
Com relação aos casos registrados neste ano, a brutalidade e a barbárie parecem estar em alta. As mortes por tiros ainda são a maioria, com cinco registros, mas chama a atenção o fato de quatro mortes terem sido por espancamento e tortura, além de um caso de apedrejamento.
O antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, classifica esses casos como um “homocausto”, apontando ainda a ausência do Estado no sentido de garantir maior segurança à comunidade – não à toa o Planalto já foi ameaçado de ser denunciado à Comissão de Direitos Humanos da OEA. “Lamentavelmente, vivemos um apagão em termos de políticas públicas para a comunidade LGBT e o país se vê incapaz de erradicar a homofobia”, afirma.