domingo, 25 de junho de 2017

GOVERNO TRUMP TEM QUEDA NA DEPORTAÇÃO E AUMENTO DE PRISÕES DE IMIGRANTES



Um balanço dos cinco primeiros meses de governo Donald Trump mostra que, em comparação com a administração de Barack Obama, houve uma queda na quantidade de deportações porém um maior número de prisões de imigrantes indocumentados não criminosos – 150% a mais que mesmo período do governo anterior. Além disso, foram retiradas medidas de proteção, como a proibição da deportação de pais de crianças nascidas nos Estados Unidos.
Na semana passada, o governo Trump anunciou o cancelamento da chamada Ação Diferida para os Pais de Americanos e Residentes Permanentes (Deferred Action for Parents of Americans and Lawful Permanent Residents - DAPA), um instrumento criado em 2014 pela gestão de Obama. Antes, imigrantes sem documentos, com filhos americanos, tinham acesso à ação diferida que podia ser usada para impedir a deportação. A ação não era um status legal completo, mas permitia que o portador do DAPA trabalhasse no país.
Nos primeiros três meses de governo Trump foram deportadas quase 26 mil pessoas, muito menos que o último trimestre do governo Obama, que deportou entre outubro de 2016 e 20 de janeiro deste ano, mais de 70 mil pessoas. Ao todo, a gestão Obama foi a que mais deportou imigrantes desde 1986: mais de 2, 8 milhões de pessoas em oito anos.
A característica mais marcante até agora da política migratória da gestão Trump é o aumento das prisões de imigrantes. O aumento global foi de 40% o que inclui todas as detenções entre janeiro e abril, de imigrantes indocumentados que cometeram crimes comuns e hediondos e também para aqueles que não praticaram ações criminosas, exceto pelo fato de estarem irregulares nos EUA.  A quantidade de pessoas presas somente por não terem permissão legal para estar no país triplicou é o que mais chama a atenção até agora.
Entre janeiro e abril foram quase 11 mil prisões não criminais, em comparação com 4.200 em 2016, número três vezes maior.  O diretor da Agência de Imigração dos EUA (U.S. Immigration and Customs Enforcement - ICE), Thomas Homan, atribuiu o aumento de prisões à direção clara dada pela administração Trump para coibir ameaças à segurança pública nacional.
Chama atenção o fato de que, na quantidade geral de prisões, somente 20% dos imigrantes indocumentados presos entre janeiro e abril deste ano têm histórico de crimes violentos.
Isso porque a nova política migratória deu mais poder aos agentes de imigração para deportar de maneira sumária – sem necessidade de audiência judicial – imigrantes com até dois anos no país. Crimes antes considerados simples, foram reclassificados como graves – como usar documento falso, mentir ou dirigir sem carteira de motorista – o que ampliou a quantidade de detenções.
Em uma entrevista coletiva, Homan ponderou que a prioridade é a segurança, mas que o ICE vai “continuar a perseguir todos os imigrantes ilegais que  receberam uma ordem final de remoção por um juiz de imigração, inclusive aqueles que não possuem antecedentes criminais”.
O advogado George Handersman, especializado em imigração, disse que a tendência é que aumente ainda mais a quantidade de prisões. Segundo ele, o processo de deportação não é tão rápido como se pensa. "Há um processo legal e um custo para o governo. Mas se há mais detenções, Trump passa uma mensagem que está cumprindo sua promessa de uma política anti-imigração ilegal massiva", destacou.
Menos vistos
Logo no início de sua gestão, Trump tentou limitar a entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Iraque, Iêmen, Irã, Síria, Líbia, Somália e Sudão). Com o bloqueio da medida pela Justiça, a Casa Branca reescreveu a ordem executiva, deixando de fora o Irã, mas manteve os demais países.
A nova ordem não chegou a entrar em vigor, mas direta ou indiretamente o reflexo aparece na quantidade de vistos concedidos para os seis países da lista, que caiu 21% em março deste ano na comparação ao mesmo período do ano passado. A redução global na quantidade de vistos de entrada para os Estados Unidos foi de 15%.
A queda para o Brasil até agora foi de 4%. A imprensa latina no país ouviu analistas que afirmam que ainda não é possível dizer se a redução global é reflexo de uma queda na procura dos vistos por cidadãos estrangeiros ou ocorreu porque os consulados e embaixadas americanas estão sendo mais criteriosos para liberar novos vistos.