quinta-feira, 2 de junho de 2022

Deltan abre rendimento e mensagens de PIX recebidos para indenizar Lula

 


Mensagens religiosas, pedidos de “fora Lula e Bolsonaro” e até conselho para fazer uma poupança para pagar novos processos. Essas são algumas das mensagens que vieram acompanhadas de transferências feitas via PIX para a conta do ex-procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condená-lo a pagar R$ 75 mil a Lula pela divulgação do power point, apresentação na qual acusava o petista de ser o líder de desvios da Petrobras.

O valor total que foi doado a Dallagnol chegou a R$ 575.909,53 e foi investido em títulos de LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), um tipo de investimento de renda fixa emitido por bancos, para financiar operações no setor agrícola. Dados bancários mostram que, desde 19 de abril, quando o valor foi aplicado, até 31 de maio, o dinheiro rendeu R$ 7.039,76.

Ao todo, o ex-coordenador da força-tarefa de Curitiba recebeu 12.629 doações, com valor médio de R$ 45 cada. Os dois maiores depósitos foram duas transferências de R$ 5 mil. Boa parte dos repasses veio acompanhada de mensagens. Em uma delas, um apoiador aconselhou: “Faça uma caixa para os próximos processos, eles vão continuar te atacando”. Em outra, o doador fez questão de dizer que atua no Tribunal de Contas da União, corte que notificou o ex-procurador com a cobrança de R$ 2,8 milhões relativa a gastos e diárias com Lava-Jato. “De um amigo do TCU: você nos inspira”, escreveu. Frases de exaltação à extinta operação, assim como citações religiosas, também foram frequentes.

Nesta quarta-feira, Dallagnol publicou em suas redes sociais um vídeo em que detalha os investimentos do dinheiro que recebeu para indenizar Lula. O ex-procurador e hoje candidato a deputado federal diz que, inicialmente, não acreditava que seria condenado pelo STJ, mas depois passou a encarar o julgamento com “preocupação e angústia”.

Sem citar o nome de Lula, mas com a imagem do petista ao fundo, Dallagnol disse que o ex-presidente saiu impune e que ele foi “condenado fortemente” pela Justiça.

O ex-procurador recorreu ao STJ para não pagar a indenização e se comprometeu em doar o dinheiro para instituições que tratam de crianças com câncer e autismo, caso consiga reverter a decisão.