sábado, 25 de junho de 2022

Ajuda humanitária dos EUA se torna prejuízo milionário para o Brasil
















 Uma enorme doação de equipamentos hospitalares chineses por uma empresa norte-americana se tornou o proverbial “presente de grego” para o Brasil. A ajuda humanitária, com valor estimado de US$ 155 milhões (cerca de R$ 810 milhões) se mostrou imprestável, segundo avaliação do Ministério da Saúde, e apenas a incineração do material que chegou vai custar R$ 10 milhões e demorar sete meses. Enquanto isso, os cofres públicos bancam os custos de armazenamento – valor que não está incluído no prejuízo potencial.

A ajuda que virou abacaxi está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que cobra do governo federal informações sobre as condições em que a doação foi aceita e medidas para evitar um prejuízo maior ainda ao patrimônio público.

Os produtos doados são aventais hospitalares que foram oferecidos ao Brasil como ajuda humanitária no contexto da pandemia de coronavírus. Quem bancou a doação foi a McKesson Medical Surgical, uma das maiores distribuidoras de equipamentos hospitalares dos EUA.

A oferta era de 85 milhões de peças, que viajariam em 900 contêineres por conta da empresa doadora até o Porto de Santos (imagem em destaque), onde o governo brasileiro assumiria os custos de desembaraço alfandegário: transporte, estocagem e distribuição.

Em dezembro do ano passado, quando o material começou a chegar, porém, as autoridades sanitárias perceberam defeitos e contaminação por mofo em alguns poucos pallets analisados. Isso, concluiu o Ministério da Saúde, tornava todo o material inútil, mesmo que os aventais tenham chegado em datas diferentes, em carregamentos espaçados.

O governo então pediu à empresa que interrompesse novos embarques, mas o Brasil já havia recebido 324 contêineres. Atualmente, a pasta paga para manter em estoque em São Paulo 26 milhões de aventais que considera imprestáveis.

Metrópoles