quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Juíza não vê ilegalidade em prisão de jovem negro algemado em moto de PM.

 


O jovem negro de 18 anos algemado junto a uma moto da PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) em movimento teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela juíza Julia Martinez Alonso de Almeida Alvim, do Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em audiência de custódia hoje à tarde no Fórum Criminal da Barra Funda.

A magistrada não viu ilegalidade na prisão, flagrada em vídeo ontem à tarde na zona leste de São Paulo. No boletim de ocorrência, ao qual o UOL teve acesso, os policiais militares envolvidos na ocorrência não mencionaram que o rapaz foi algemado junto a moto de um deles e arrastado em via pública antes de ser levado até o 56º Distrito Policial, onde foi registrada a prisão em flagrante por tráfico de drogas.

O advogado Fabio Costa, que representa o jovem preso, irá recorrer. Ele disse em entrevista ao UOL que a prisão foi ilegal da maneira como ocorreu. "O rapaz sofreu humilhação e violência por parte dos policiais militares. Isso configura uma ilegalidade", disse

Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, o advogado Ariel de Castro Alves criticou a decisão. "A prática de tortura e de abuso de autoridade por parte do PM que efetuou a detenção do rapaz deveria gerar a anulação da prisão. Foi uma decisão lamentável".

O cabo Jocelio Almeida de Sousa, de 34 anos, identificado como o policial militar que aparece nas imagens conduzindo a moto, foi afastado das ruas. Ele pode responder pelos crimes de tortura, racismo e abuso de autoridade. Já o soldado Rogério Silva de Araújo, 39, pode responder por prevaricação.