segunda-feira, 22 de julho de 2019

Dallagnol sugeriu que Moro protegeria Flávio Bolsonaro

Coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol

Novas mensagens trocadas em chats secretos revelam que Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato, concordou com os procuradores do Ministério Público Federal de que havia evidências claras de que Flávio Bolsonaro mantinha um esquema de corrupção em seu gabinete na época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro. As informações são do site The Intercept e foram divulgadas neste domingo (21).
Essas mensagens mostram que o esquema, segundo o Intercept, era operado pelo assessor Fabrício Queiroz e que seria similar a outros escândalos nos quais os deputados estaduais eram acusados de empregar funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.
Dallagnol teria dito que hoje o senador pelo PSL Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, “certamente” seria implicado no esquema. O procurador revelou que temia que Sérgio Moro não perseguisse a investigação por pressões políticas do então recém eleito presidente Jair Bolsonaro e pelo desejo do juiz de ser indicado para o Supremo Tribunal Federal, o STF.
Conforme a matéria, até hoje não há indícios de que Moro, que na época das conversas já havia deixado a 13ª Vara Federal de Curitiba e aceitado o convite de Bolsonaro para assumir o  Ministério da Justiça, tenha tomado qualquer medida para investigar o esquema de funcionários fantasmas em que Flávio é acusado de manter e menos ainda sobre as ligações com milicianos do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com o site, o caso sumiu da mídia e a  investigação, nas mãos do Ministério Público do Rio, estaria correndo em um ritmo bem mais lento do que o esperado para um caso como esse. “Moro tampouco dá sinais de que está interessado nas ramificações federais do caso –  como o suposto empréstimo de Queiroz para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Nas poucas vezes em que respondeu a questionamentos sobre a situação do filho do presidente, ele repetiu que  “não há nada conclusivo sobre o caso Queiroz”  e que o governo não pretende interferir no trabalho dos promotores”, diz a reportagem.
O caso voltou aos noticiários nesta segunda-feira, 15 de julho, quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, atendeu ao pedido de Flávio Bolsonaro e  suspendeu as investigações  iniciadas sem aprovação judicial envolvendo o uso dos dados do  Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Economia que monitora transações financeiras para prevenir crimes de lavagem de dinheiro.
Em dia 8 de dezembro de 2018, Dallagnol teria postado em um chat no Telegram chamado Filhos Januario 3, composto de procuradores da Lava Jato, o link para um reportagem sobre um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz numa conta em nome da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Segundo o texto, a “transação foi apontada como “atípica” pelo Coaf e  anexado  a uma investigação do Ministério Público Federal, na Lava Jato”. “Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A comunicação do Coaf não comprova irregularidades, mas indica que os valores movimentados são incompatíveis com o patrimônio e atividade econômica do ex-assessor”, escreve a referida reportagem compartilhada.