sábado, 27 de julho de 2019

Menina síria morre após salvar irmã de 7 meses; bombardeio destruiu casa da família

Menina de 5 anos morreu após salvar irmã na Síria

O momento em que uma menina síria de 5 anos, identificada como Riahm, salva sua irmã de 7 meses, denominada Touka, após um bombardeio na cidade de Ariha, realizado pelo governo sírio ou russo, foi registrado numa fotografia que está repercutindo na imprensa internacional.


A bebê, que na imagem aparece pendurada por sua camisa verde, prestes a cair, está internada em tratamento intensivo num hospital da região, na província de Idlib, no Noroeste do país, onde forças de Bashar al-Assad visam a recapturar o último bastião detido pelos rebeldes. Segundo os médicos, ela sofreu um traumatismo craniano. A que conseguiu agarrá-la, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu na quarta-feira.
No episódio, morreu também a mãe das garotas, Asmaa. Uma das cinco irmãs das meninas, chamada Dalia, foi levada à mesma unidade de saúde, onde está estável depois de passar por uma cirurgia no peito. Duas outras irmãs, que também ficaram feridas, sobreviveram. No entanto, a pequena Rowan, de 3 anos, morreu devido a ferimentos no estômago e no peito.
Um vídeo transmitido nesta quinta-feira pelo site de notícias sírio "SY24" mostra o pai das meninas, Abdullah, subindo pelas ruínas de sua casa destruída no ataque aéreo enquanto tenta alcançar as três filhas feridas. É possível observar sua expressão de sofrimento ao ver a filha mais nova pendurada nos destroços pela camisa verde que vestia. Perto dela, a criança de 5 anos consegue puxá-la para impedir que despencasse.
O autor das imagens, Bashar al Sheikh, um fotógrafo de Kafr Nabudah, relatou que "havia poeira em todos os lugares no ar e as pessoas gritavam por ajuda".
"Eu pude ver as crianças se agarrando umas às outras", contou ao jornal britânico "The Independent". "O pai estava gritando: 'Não se mexa! Não se mexa!'. A criança mais velha ainda estava agarrada ao bebê. Nós os apressamos para o hospital al-Shami, mas eles estavam ficando sem suprimentos de sangue e tiveram que levá-las ao hospital Idlib. Eu fiquei com as crianças, rezando para que elas ficassem em segurança".
De acordo com a organização Save the Children, mais crianças perderam a vida nas últimas quatro semanas do que em todo o ano de 2018. A instituição de caridade disse nesta quarta-feira que pelo menos 33 crianças foram mortas desde 24 de junho, em comparação com 31 durante todo o período do ano passado.
O exército sírio, apoiado pela Rússia, lançou uma ofensiva no final de abril com o objetivo de retomar as principais estradas e rotas comerciais em torno de Idlib e do Norte de Hama, que o governo considera vital para consolidar seu controle sobre o Norte do país.
As Nações Unidas disseram que esta segunda-feira foi um dos dias mais letais para os civis desde que a ofensiva começou há quase três meses. Pelo menos 59 civis foram mortos e mais de 100 pessoas ficaram feridas, após uma sucessão de ataques aéreos em Idlib.
Sonia Khush, porta-voz da Save the Children na Síria, chamão a situação na província de "pesadelo".
"É claro que mais uma vez as crianças foram mortas e feridas em ataques indiscriminados", disse ela. "As crianças do Noroeste da Síria foram apanhadas em conflito violento por 80 dias sem pausa. Eles não têm educação, alimentação, saúde e são forçados a dormir debaixo das árvores em campos abertos há meses", acrescentou.