Lisboa - A reunião na Prociradoria Geral da República de Portugal "foi muito produtiva”, segundo declarou uma sorridente Cristina Romanó, secretária de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal (MPF) após se encontrar nesta terça-feira (15), em Lisboa, por cerca de duas horas, com a procuradora-geral Joana Marques Vidal, com o objetivo de tratar da extradição de Raul Schmidt, foragido da Lava Jato. Ele é acusado de atuar como operador do pagamento de propinas a diretores da Petrobrás para obter contratos superfaturados em favor de multinacionais. Ele vive desde 2016 na capital portuguesa em luxuoso apartamento nas proximidades da Baixa lisboeta.
Investigado por suspeita de pagamento de suborno aos ex-diretores da Petrobrás Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, já presos, como intermediário de empresas internacionais para conquistar áreas de exploração de petróleo da empresa, Schmidt tem entrado e saído da prisão em Portugal. Ele é ainda apontado como lobista de estaleiros como a Samsung Heavy Industries, que assinou contrato com a Petrobrás, cuja auditoria revelou ter havido superfaturamento de 29 milhões de euros (cerca de R$118 milhões).
Embora não tenha comentando os assuntos analisados durante a reunião com a procuradora-geral de Portugal, Cristina Romanó manifestou-se muito otimista e respondeu afirmativamente a uma pergunta da correspondente do Diário do Poder em Portugal, que indagou: “Os brasileiros podem esperar um resultado positivo e que atenda aos interesses do Brasil no processo de Raul Schmidt ?”
“Claro que sim, claro que sim”, enfatizou, observando que breve será conhecido o resultado das articulações desenvolvidas pelo MPF para conseguir a extradição de Schmidt. Ela evitou, contudo, precisar qual será o prazo para o desfecho desse processo tão aguardado pelos brasileiros revoltados com a corrupção que dominou o Brasil. "Isso ainda não sabemos, mas vai acabar bem”, acrescentou Cristina Romanó, que estava acompanhada de integrantes da AGU e do Ministério das Relações Exteriores.
O governo brasileiro planeja apresentar novo pedido de extradição alegando que o fato de o Supremo Tribunal ter mandado soltá-lo não impede seja mandado de volta para ser julgado pela justiça brasileira. Como a justiça portuguesa já confirmou diversas vezes sua extradição, e ele recorreu até ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, alegando que as cadeias brasileiras não possuem condições para recebê-lo,o que não foi aceito,é possível que a novela ainda apresente novos desdobramentos.
Raul Shcmidt e seus advogados, brasileiros e portugueses, estão confiantes no sucesso dos seus recursos para travar o processo de extradição, o que até agora tem resultado. Ele até já comemorou sua libertação pelo Supremo com uma festa em seu luxuoso apartamento em Lisboa, que contou com a alegria e entusiasmo de muitos fadistas portugueses, que chegaram a fazer uma “ vaquinha” para ingressar com um pedido de habeas corpus em seu favor. Esse fato chocou políticos e personalidades portuguesas.
Agora vai se iniciar um novo capítulo, permeado pela tese de ser ou não ser português antes dos crimes de que é acusado faz toda diferença. O governo brasileiro já se comprometeu a julgá-lo apenas pelos delitos que teria praticado antes de obter sua primeira cidadania, em 2011. Mas ele não quer isso. Deseja permanecer e ser julgado em Portugal, possivelmente com a certeza de haver no país ambiente mais favorável às suas pretensões do que em Curitiba. A julgar pelo prazo recorde em que conseguiu transformar sua cidadania adquirida em originária, dando carona em mais de 600 postulantes, para ser considerado português nato, ele deve saber o que faz.