
O fazendeiro alagoano José Márcio Cavalcante, o “Baixinho Boiadeiro”, divulgou, na última sexta-feira (2), um vídeo em que reforça acusações de que uma suposta trama política da família Dantas teria resultado no assassinato de seu pai, o vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro” (PSD), em Batalha-AL, em 9 de novembro de 2017. Segundo o filho do vereador, pistoleiros que mataram seu pai teriam sido contratados por R$ 200 mil.
Baixinho Boiadeiro está foragido da Justiça de Alagoas desde que trocou tiros com José Emílio Dantas, que é filho de um ex-prefeito assassinado em 1999, e sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas (MDB-AL). E, enquanto é caçado pela polícia de Alagoas, o fazendeiro pediu a revogação de sua prisão, ao confirmar que trocou tiros com Zé Emílio Dantas, porque este estaria armado, feito “ar de riso”, e disparado três tiros, quando Baixinho parou o carro diante da casa do desafeto, durante seu trajeto para o hospital para onde seu pai tinha sido levado.
Baixinho Boiadeiro diz que o vereador Neguinho Boaideiro e o outro vereador Tony Carlos Silva de Medeiros, o “Tony Pretinho” (PR), mortos em 36 dias, teriam sido vítimas de adversários políticos da família Dantas, porque investigavam um esquema fraudulento milionário envolvendo 17 funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), que não sabiam que eram utilizados como “laranjas”, na folha do Legislativo Estadual, onde recebiam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil por mês, oficialmente, mas ficavam com apenas R$ 300.
O foragido diz ainda que a morte do pai também teria relação com o fato de o vereador ter solicitado um extrato da conta da Prefeitura de Batalha. “O extrato que ele recebeu foi uma carga de tiro na porta da Câmara Municipal”, declarou Baixinho Boiadeiro.
Ele cita como supostos mandantes do crime, o pré-candidato a deputado estadual aliado do governador Renan Filho (MDB), Paulo Dantas – filho do presidente da Assembleia – a prefeita de Batalha Marina Dantas, e dois homens que identifica como Theobaldo – irmão da prefeita - e Hermes Vieira, secretário de Transportes de Batalha.
No vídeo, o filho do vereador faz referência à operação que destruiu o portão da casa de sua vó, em 4 de janeiro, e demonstra ter gravado o vídeo naquele mesmo dia.
Baixinho reforça as acusações de que sua família estaria sofrendo injustiças e disse que teme pela sua vida, da sua mãe, irmãs, irmãos e sobrinhos. E, ao expor supostas cópias de declarações de imposto de renda dos supostos laranjas da Assembleia, afirmou que levará ao procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, fotos, detalhes e nomes dos envolvidos no esquema.
“Nem bandido merece um tratamento desse que a família Boiadeiro, que tanto contribuiu para o emprego e renda em Batalha e Craíbas... Estamos sendo massacrados, porque Luiz Dantas e Paulo Dantas e Marina Dantas e esse Hermes estão fazendo as cabeças das autoridades, dizendo que somos bandidos. Bandido não tira 2.000 litros de leite por dia, bandido não tem residência fixa, bandido não entra numa eleição de vereador e atinge quase 1.000 votos, bandido não apoia um governador, um deputado estadual, um federal e um senador e dá de 1.000 a 1.300 votos sozinhos, sem aborrecer ninguém”, disse Baixinho Boiadeiro.
A Secretaria de Segurança Pública disse que não comenta as acusações de Baixinho Boiadeiro, assim como o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, que leu e não respondeu se alguém foi preso em decorrência das investigações sobre a morte dos vereadores de Batalha.
