
A Comissão Europeia volta a criticar o governo brasileiro por conta da falta de controles sanitários no que se refere às exportações de carnes do País. No último dia 7 de junho, uma comunicação foi enviada entre Bruxelas e Brasília apontando falhas nos controles e pedindo ações por parte das autoridades brasileiras.
Bruxelas enviou "uma carta do comissário (de Saúde da UE, Vytenis) Andriukaitis, ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, expressando preocupações e pedindo por ações". Os detalhes não foram revelados. Mas a reportagem apurou que Bruxelas insiste que, até agora, a capacidade de o país monitorar desde o abate até a exportação não é ainda adequada. Essa não é a primeira vez que a cobrança é feita e, entre as autoridades, uma parcela insiste que novos bloqueios teriam de ser impostos sobre o produto vendido pelo Brasil.
Mas em plena negociação para um acordo comercial com o Mercosul, Bruxelas não quer tomar uma atitude que implicaria em uma contaminação das relações bilaterais.
A nova cobrança europeia ainda é repercussão da Operação Carne Fraca que revelou, em março, a corrupção na fiscalização sanitária da produção do setor no Brasil. No final de maio, uma segunda etapa foi lançada pela Polícia Federal, levando inclusive à prisão do ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Estado de Goiás, Francisco Carlos de Assis.
Assim que a crise foi revelada, os europeus fecharam o comércio com o Brasil para as quatro empresas citadas e que exportavam para a UE. Alguns dias depois, ampliou o embargo para todos as 21 implicadas na suposta fraude. Mas Bruxelas também ordenou que as autoridades portuárias dos 28 países reforçassem os controles e que verificasse em termos de higiene as cargas vindas do Brasil, mesmo que seja de empresas não mencionadas na crise.
O governo brasileiro, na esperança de manter aberto seu principal mercado de exportação, fez uma série de promessas aos europeus e insistiu que o caso era de corrupção, e não de problemas na qualidade da carne nacional.