
Os delatores Henrique Pessoa Mendes Neto e Fabio Andreani Gandolfo, da Odebrecht, afirmaram à Procuradoria-Geral da República que Fernanda Carreiro Roxo, sobrinha do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro, foi contratada pela empreiteira como “contrapartida a facilidades experimentadas” em processo da corte que analisava as obras da usina de Angra 3.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que Janot incluísse as delações em inquérito, já em curso, para apurar a participação de Carreiro e do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz, por possível envolvimento em esquema de tráfico de influência e corrupção no caso de Angra 3. A investigação foi motivada por declarações do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que fechou acordo de colaboração antes da Odebrecht.
Pessoa disse ter pago R$ 1 milhão para Tiago atuar no caso de Angra 3 e que podia-se concluir que Carreiro seria destinatário desses recursos. Ele não relatou, contudo, tratativa direta com o ministro, que era relator de processo que avaliava irregularidades na licitação da obra de montagem eletromecânica da usina, de mais de R$ 2 bilhões. O consórcio da UTC era integrado também por Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa.
A fase de pré-qualificação da concorrência havia sido suspensa temporariamente pelo TCU, após representação de um dos concorrentes. A decisão foi de Carreiro.