sábado, 29 de abril de 2017

Comissão de Ética da Presidência vai investigar três ministros



A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu ontem, por unanimidade, abrir investigação contra os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), por supostas infrações éticas no relacionamento com a Odebrecht.
A decisão foi tomada após duas denúncias, feitas pelos deputados petistas Afonso Florence (BA) e Robinson Almeida (BA) e por um advogado chamado Mariel Marley Marra.
Na denúncia feita à Comissão, a alegação é de que há indícios “gravíssimos” de que os ministros apontados por delatores da Odebrecht estão envolvidos em “condutas aberrantes”, o que seria incompatível com a ética e a probidade pública. Para os parlamentares petistas, os ministros perderam as condições de continuar nos cargos.
Padilha, Moreira Franco e Kassab terão dez dias para prestar esclarecimentos à Comissão a partir da notificação. “A questão criminal será tratada pelo Supremo (Tribunal Federal), mas a questão de ética nos parece muito relevante. Quando o processo emana de uma denúncia criminal apurada pelo STF não se pode deixar de considerar a seriedade do tema envolvido”, afirmou o presidente do colegiado, Mauro Menezes.

A Comissão vai avaliar a relação de Padilha com a Odebrecht quando ele era ministro dos Transportes, no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001. Segundo delação premiada do ex-executivo Valter Lana, ele beneficiou a empresa na construção da Linha 1 da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb).
Padilha também foi citado na delação de Paulo Cesena, ex-presidente da Odebrecht Transport. O delator afirmou que o ministro recebeu R$ 4 milhõesda empreiteira. O pedido para o repasse foi feito, de acordo com Cesena, pelo também ministro Moreira Franco, à época titular da Aviação Civil, no governo Dilma Rousseff. Os pagamentos foram relacionados pelo colaborador a uma ajuda na rodada de concessões de aeroportos