sexta-feira, 26 de março de 2021

Queiroga escolhe médico anticloroquina para ajudar a fazer protocolo de Covid-19 ao país

 

O escolhido por Marcelo Queiroga (Saúde) para supostamente coordenar um grupo sobre protocolos de combate a Covid-19 é um dos maiores críticos do país sobre a utilização da cloroquina, remédio defendido por Jair Bolsonaro. Carlos Carvalho, professor da USP, apontou desde o início da pandemia que não havia comprovação de eficácia do medicamento. O novo ministro da Saúde pediu os protocolos usados no Hospital das Clínicas e no InCor, onde ele trabalha, para levar a todo Brasil.

O nome de Carvalho foi anunciado por Queiroga durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (24). Conhecidos como berços da ciência, os hospitais não utilizam cloroquina e ivermectina no tratamento do coronavírus.

Em abril de 2020, Carvalho comparou a eficácia da cloroquina contra Covid-19 à da Novalgina —ou seja, nenhuma. “A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu”, disse ele em entrevista à BBC News Brasil. “Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o ‘kit covid’. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar Covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes”, afirmou.

O médico diz ao Painel, no entanto, que embora tenha tido seu nome anunciado pelo ministro, ele não vai ter um cargo específico. O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, durante sua primeira entrevista coletiva no cargo. “Me comprometi a ajudar nesse momento crítico. Não farei parte de ministério”, afirma Carvalho.

“Coordeno a teleUTI do InCor HCFMUSP [Hospital da Faculdade de Medicina da USP], tendo realizado mais de 7.000 atendimentos em diferentes hospitais públicos do estado de SP. Nesse sentido, capacitação de equipes e teleconsultoria, disse que poderia contribuir”, completa.

Nesta quinta-feira (25), Queiroga visitará o InCor, em São Paulo, em sua primeira viagem como titular da pasta. Será recebido por Roberto Kalil Filho e Adib Jatene.

Quem está incomodado com a movimentação é o governador João Doria (PSDB-SP). Carvalho é membro do centro de contingência do Covid-19 de São Paulo, criado pela gestão do tucano, que só soube da colaboração de Carvalho com o governo federal durante a entrevista coletiva de Queiroga.