O pastor Silas Mafalaia está com Covid-19. Com o diagnóstico para a doença, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo não irá mais encontrar Jair Bolsonaro nesta segunda (29).
Ele esteve com o presidente há duas semanas, no dia 15 de março. Na ocasião, Malafaia, Bolsonaro e outros pastores gravaram um vídeo para convocar "todo o povo de Deus" a fazer um "jejum em favor da nação brasileira".Será um jejum de meia-noite a meio-dia com abstinência de qualquer alimento e água --com lastro bíblico, o hábito é praxe entre evangélicos. Malafaia voltaria com a comitiva pastoral na segunda para orar com Bolsonaro.
A pastora Elizete Malafaia também contraiu o coronavírus, mas, segundo o marido, já se recuperou. "Minha esposa já saiu da Covid-19. Eu que ainda estou, devo estar nos últimos dias com esta tralha", diz à Folha. Ele fez um teste que ainda deu positivo para a presença do vírus em seu organismo.
"Tem que pegar, né? A gente lida com pessoas, com seres humanos", diz Elizete. "Fui assintomática, graças a Deus. Vambora para frente, que a vida continuar, e Deus tem muito a fazer."
Segundo Malafaia, o casal está bem. Ele conta que desde setembro toma ivermectina, medicação sem eficácia comprovada para o tratamento da enfermidade, além das vitaminas D e K12. "Esses troços que amenizam o impacto da Covid. Como o pessoal fala, é um preventivo para aliviar o impacto dessa tralha."
"Nunca neguei remédio, pelo contrário", afirma o pastor. "Se for buscar vídeos meus lá de trás, digo o que Jesus falou: que os sãos não precisam de médicos, mas os doentes. Eu não sou pastor que negue o poder da medicina. A minha grande questão é o que estamos vendo aí, o que o lockdown contribui. Não existe saúde com economia destruída, essa que é a minha questão."
Endossando o discurso bolsonarista, Malafaia critica a quarentena rígida por achar que as sequelas econômicas não compensam. "Quer dizer que comerciante que mantém um número limitado [de clientes no estabelecimento] não pode abrir? Não vou entender isso nunca. Continuo com as mesmas posições."
Defensor de templos abertos na pandemia por considerá-los um necessário socorro espiritual, o pastor diz que não saber onde pode ter pego o vírus. "Não sei se na igreja, em culto. Mandei o pessoal anunciar e tudo. Devo ter pego das transmissões", diz ele, que grava programas e pregações.
Malafaia conta que, assim que descobriu estar contaminado, manteve o isolamento social. "Sempre falo na igreja: 'Meu irmão, se você estiver tossindo, com febre, espirrando, espere para fazer o exame. Na minha igreja, na porta, minha filha, tem medidor de temperatura. Só entra com máscara e álcool em gel, não dou moleza para isso, não."
Só se fosse "um inconsequente tolo de passar para as pessoas" teria saído de casa no período da contaminação, diz. Ele e a esposa moram um condomínio no Recreio, zona leste do Rio.