sexta-feira, 6 de julho de 2018

Afastado, ministro do Trabalho depõe na PF e pede demissão do cargo



O ministro do Trabalho, Helton Yomura, decidiu pedir demissão nesta quinta (5) depois de ser afastado do cargo pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é suspeito de ligação com um esquema de fraudes na liberação de registros sindicais. Há cinco minutos, o Palácio do Planalto divulgou nota de três linhas informando que o presidente Michel Temer aceitou a demissão e “agradeceu sua dedicação à frente da pasta”.
Em relatório da Operação Registro Espúrio, a Polícia Federal sustenta que Yomura foi alçado ao cargo para perpetuar o suposto esquema criminoso liderado por seus padrinhos políticos, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e a filha dele, deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A decisão de pedir demissão foi tomada depois que Jefferson anunciou que o PTB colocou o cargo à disposição do presidente Michel Temer.
A Polícia Federal voltou às ruas nesta quinta (5) para cumprir mandados em um desdobramento da Operação Registro Espúrio, que investiga fraudes na concessão de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho.
Desta vez, os alvos são o ministro do Trabalho, Helton Yomura, que já está afastado do cargo; e o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP). Os agentes cumprem 10 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária em Brasília e no Rio de Janeiro. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também afastou o ministro.
Registro espúrio
Deflagrada em maio deste ano, a Operação Registro Espúrio mirou uma organização criminosa suspeita de fraudar a concessão de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho, além de investigar o loteamento do Ministério do Trabalho pelo PTB e pelo Solidariedade.
Segundo as investigações, a ordem de chegada dos pedidos para registro de entidade sindicais não era respeitada; a prioridade ia para pedidos intermediados por políticos. Além disso, o registro era obtido por meio de pagamento de vantagens indevidas.
Entre os alvos da PF estavam os gabinetes dos deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), na Câmara dos Deputados. A prisão deles chegou a ser pedida pela PF, mas foi negada pelo ministro do Supremo Edson Fachin. Os agentes estiveram ainda em sedes nacionais do PTB e do Solidariedade e de centrais sindicais.
A Operação Registro Espúrio é a terceira que mira a venda de registros sindicais envolvendo servidores da pasta. No governo Dilma, foram duas operações, envolvendo políticos ou prepostos do PDT no ministério. Apesar dos personagens e dos partidos serem outros, o negócio é o mesmo de sempre.