segunda-feira, 10 de abril de 2017

MINISTRO VÊ DESPERDÍCIO PARA O SUS EM EXAMES COM RESULTADO NORMAL



O ministro da Saúde, Ricardo Barros, tratou como um dos desafios da saúde pública no País o fato de 80% dos exames de imagem financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) terem resultado normal. A conclusão de que a situação representa “desperdícios que precisam ser controlados” foi exposta na manhã desse sábado (8), em Cambridge (EUA), durante palestra na Brazil Conference, organizado pela Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), e em entrevista à BBC Brasil.
Em um país em que a dificuldade para marcação de exames é uma rotina que castiga os pacientes, o controle da prescrição de exames foi defendido publicamente porque, segundo o ministro, médicos não estariam fazendo diagnósticos clínicos da forma correta e lançando mão, desnecessariamente, de exames de imagem (como tomografias e ultrassonografias) que acabam não identificando problemas ou doenças.
“Temos que ter controle da demanda que os médicos fazem destes exames e passar a avaliar como utilizam sua capacidade de demandar do SUS. Se o médico solicita muitos exames que dão resultado normal, ele não está agindo de forma correta com o sistema”, disse Ricardo Barros, à BBC.
Apesar das declarações, o ministro disse não ter interesse em interferir na capacidade de os médicos decidirem como diagnosticar seus pacientes, quando foi perguntado se os exames precisam revelar problemas, para serem considerados necessários.
“Mas os médicos não podem pedir exame como forma de transferir sua responsabilidade de emitir diagnósticos. Os exames só devem ser usados quando há necessidade, não como rotina para diminuir a responsabilidade que o médico tem de fazer um diagnóstico a partir dos elementos clínicos”, explicou o ministro.