terça-feira, 11 de abril de 2023

Com medo de ataques, prefeituras do Paraná reforçam às pressas segurança em escolas e creches


 










Apesar de a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e o Ministério da Justiça afirmarem que até o momento não há índicios de ataques planejados em escolas e creches no Estado, muitas prefeituras vêm adotando medidas de reforço de segurança após quatro crianças serem mortas num ataque com machadinha a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina no último dia 5 de abril, e diante de novas ameaças nas redes sociais. Entre as medidas adotadas às pressas pelos prefeitos de cidades paranaenses, estão a contratação emergencial de seguranças, adoção do botão do pânico, instalação de câmeras, reforço de rondas das guardas municipasi e treinamento de servidores para situações de risco.

“Estamos trabalhando todos os dias para deixar as escolas seguras. Não tivemos atentado em Cambé e não podemos deixar que o pânico tome conta da gente, fechando a escola. Temos sim que ter medo do perigo, mas também temos que estar atentos e preparados para enfrentá-lo”, diz o prefeito de Cambé, Conrado Scheller, resumindo o “clima” nos municípios do Paraná.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou na segunda (10), durante coletiva de imprensa em Brasília, uma série de medidas para combate à violência nas escolas. Entre elas, o lançamento de um edital, previsto para esta terça, de R$ 150 milhões, para abrir a estados e municípios a possibilidade de aplicar recursos em segurança nas escolas. Outra frente busca fazer com que plataformas digitais regulem e neutralizem conteúdos que incitem violência no ambiente escolar. “Esse edital terá múltiplas possibilidades. Será possível ao município ou estado pleitear equipamento de raio-x? Sim, será possível. O edital é aberto. Cada município, cada estado vai apresentar a sua proposta. Eu quero comprar viaturas para fazer ronda nas escolas: é possível. Eu quero realizar observatório de violência e fazer capacitação nos vigilantes das escolas ou nos porteiros: é possível”, detalhou o ministro.

Outro ponto nas ações da pasta diz respeito à responsabilidade das plataformas digitais em evitar disseminação de conteúdos que façam apologia à violência nas escolas ou incitação a crimes. Dino conversou com a imprensa logo após reunir-se com representes de Meta, Kwai, Tik Tok, WhatsApp, YouTube, Twitter e Google. Segundo o ministro, a equipe de monitoramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que atua não só na internet, mas nas chamadas Deep Web e Dark Web, encontrou, somente nos dias 8 e 9 de abril, mais de 511 perfis em que há apologia à violência ou ameaças contra escolas. Episódios recentes chocaram o país em ataques a escolas de São Paulo e Blumenau, que tiraram a vida de uma professora (na capital paulista) e de quatro crianças na cidade catarinense.

Dino afirmou que o Governo Federal tem encontrado certa resistência das plataformas. “Alguns têm atendido, outros, não. Estamos vendo por parte dessas empresas, não todas, dificuldade de compreender esse papel ativo que estamos buscando em face da gravidade”.

Alerta total até o dia 20

O ministro adiantou que as medidas de monitoramento continuarão tendo atenção especial até 20 de abril, data considerada relevante nessas ameaças. Foi no dia 20 de abril, em 1999, que a escola de Columbine High School, no Colorado (EUA), sofreu um ataque que ficou conhecido como o Massacre de Columbine, após dois alunos matarem 12 estudantes e um professor, além de deixarem mais de 20 feridos.

“Não há razão para pânico em relação ao dia 20, ao dia 19 ou ao dia 21. O que há é uma necessidade de fortalecimento de mecanismos institucionais e aí me refiro aos governos, não só o Federal, mas estaduais, que comandam as polícias estaduais, as prefeituras. Enfatizo que neste momento é decisivo o comportamento das plataformas de tecnologia para que possamos ter uma prevenção geral”, esclareceu.