domingo, 23 de maio de 2021

Efetividade da Coronavac varia de 28% a 62% entre maiores de 70, diz pesquisa

 

Um estudo feito pelo Vebra Covid-19, que reúne cientistas de instituições nacionais e internacionais, mostrou que a Coronavac se mostrou 42% efetiva em prevenir adoecimento por Covid-19 em pessoas maiores de 70 anos depois de 14 dias da segunda dose. É uma efetividade menor do que a eficácia global encontrada nos estudos clínicos realizados pelo Instituto Butantan no Brasil, de 50,7%.

Quando dividido por faixa etária dentro do grupo, a efetividade foi ainda menor entre os que têm mais de 80 anos, 28% depois da aplicação da segunda dose.

Entre os que têm de 75 a 79 anos, ela foi de 49%. E entre os que têm de 70 a 74 anos, de 62% depois da segunda dose –um índice superior ao da eficácia global do estudo divulgado pelo Butantan.

A efetividade estudada agora pelo Vebra Covid-19 mostra o impacto real da vacinação na redução de casos de infecção pelo novo coronavírus. Ou seja, ela revela como a vacina funciona quando aplicada na população geral.

Para chegar aos resultados e verificar o impacto real da vacinação na redução de casos (ou seja, a efetividade do imunizante), os cientistas pesquisaram os resultados de testes para a Covid-19 de todos os bancos de dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

O estudo envolveu 15.900 pessoas suspeitas de Covid-19 com mais de 70 anos que moram em São Paulo, onde a variante P.1 é predominante.

Os exames foram feitos em pessoas com sintomas da doença e que buscaram as unidades para fazer o teste e confirmar se estavam ou não infectadas. “Com o aumento da idade, houve uma redução da efetividade da Coronavac. Esse fenômeno ocorre na vacina influenza e é esperado que ocorra em outras vacinas”, diz a nota de divulgação do estudo. A informação de que isso ocorria, de acordo com dados iniciais do estudo, foi antecipada pela coluna.

O Vebra Covid-19 é formado por pesquisadores da Fiocruz, das universidades norte-americanas de Stanford, Yale e Flórida, da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto de Saúde Global de Barcelona e da Secretaria de Saúde de SP.

É importante considerar que a pesquisa não revela o que aconteceu depois que as pessoas fizeram o teste, se seguiram com sintomas leves ou se a doença agravou.

Dados de outros trabalhos indicam que a Coronavac pode estar ajudando a prevenir hospitalizações e mortes.

A proporção de mortos por Covid-19 entre os maiores de 80 anos, faixa etária com a vacinação contra a doença em etapa avançada, caiu quase 60% entre janeiro e abril no Brasil. Os dados são de levantamento feito pela Folha no Sistema de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde.

O Instituto Butantan enviou uma nota à coluna afirmando que a Coronavac é segura e eficaz para a população adulta, incluindo idosos, e citou dados de estudo da prefeitura de São Paulo que mostram que, em abril, houve queda de 90% no número de mortes por Covid-19 entre pessoas com idade acima de 90 anos.

Leia a íntegra da nota:

“Sobre a matéria “Coronavac tem menor efetividade entre idosos de mais de 80 anos do que mostrou estudo clínico do Butantan, diz pesquisa” (Mônica Bergamo, 18/5), o Instituto Butantan esclarece que a Coronavac é segura e eficaz para a população adulta, incluindo os idosos. Estudo da prefeitura de São Paulo, por exemplo, mostrou que houve em abril queda de 90% no número de mortes de pessoas com idade acima de 90 anos, a grande maioria delas imunizada com a vacina do Butantan.

A vacina, portanto, é importante para evitar complicações causadas pela infecção pelo vírus Sars-Cov-2 nos idosos e nas demais faixas etárias da população acima de 18 anos.

O conjunto de dados obtidos nos testes clínicos de fase 3 realizados no Brasil com 12,5 mil voluntários, sob coordenação do Butantan, confirmam que a resposta imunológica e a segurança da vacina no grupo de maiores de 60 anos é análoga à do grupo de 18-59 anos, o que sustenta a extensão de indicação de uso do imunizante em idosos, previsto em bula e aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Não se deve confundir a resposta à vacina com o curso clínico da infecção por Sars-CoV-2. Os idosos correm maior risco de agravamento pela infecção e, por isso, a vacina é fundamental.

É importante que as pessoas sigam tomando a vacina, conforme os esquemas adotados pelos gestores de saúde, de modo a se prevenirem contra as complicações do novo coronavírus.”

FOLHAPRESS