sexta-feira, 21 de maio de 2021

Filas de ambulâncias com pacientes de Covid-19 voltam a se formar nos hospitais de Curitiba

 


Uma fila de sete ambulâncias transportando pacientes com Covid-19 se formou na frente do Hospital do Trabalhador, em Curitiba, na noite desta quinta (20). Segundo informações disponibilizadas pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), o hospital já não tinha mais nenhuma vaga tanto nos leitos exclusivos para Covid-19, tanto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quanto na enfermaria. Na quarta (19), o Hospital Evangélico também registrou fila de ambulâncias com doentes de coronavírus. Nos últimos dias, com casos ativos e índice de transmissão em alta, a pressão no sistema de saúde de toda a Grande Curitiba tem aumentado rapidamente e, infelizmente, a cena deve se repetir, segundo um médico plantonista de dois hospitais da capital. "Estamos vendo tudo se repetir e pacientes cada vez mais jovens e cada vez com o pulmão mais comprometido", disse o profissional, que não quis se identificar. Até essa quinta, 270 pacientes positivados ou com sintomas de Covid-19 estavam à espera de uma vaga nos hospitais da Grande Curitiba na Central de Leitos Metropolitano.

De acordo com o boletim da Sesa, além do Hospital do Trabalhador, outros cinco dos 13 hospitais do SUS da Grande Curitiba com leitos para Covid-19 estavam sem vagas na UTIs nesta quinta (20): Hospital Evangélico, Hospital São Vicente Centro, o complexo de UPAs de Curitiba, Hospital de Reabilitação e Hospital Sebastião da Lapa. Outros dois hospitais da região estavam com 98% de ocupação nas UTIs: Hospital Angelina Caron e Hospital do Rocio. Nas enfermarias da Região de Curitiba com leitos do SUS exclusivos para Covid, dos 17 hospitais, além do Hospital do Trabalhador, outros oito estabelecimentos não tinham um leito sequer: Hospital Cruz Vermelha, Hospital Oswaldo Cruz, Instituto Madalena Sofia, Hospital Evangélico, os dois complexos de UPAs, Hospital de Reabilitação e Hospital Angelina Caron.

O boletim da Prefeitura de Curitiba desta quinta também confirma a pressão no sistema de saúde da capital apontando uma taxa de ocupação dos 525 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 está em 96%. Ou seja, restam apenas 23 leitos livres.

No Paraná

A situação no Estado todo está complicada. O informe da Sesa desta quinta (20) relata que 2.757 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 estão internados. São 2.187 pacientes em leitos SUS (967 em UTIs e 1.220 em enfermarias) e 570 em leitos da rede particular (304 em UTIs e 266 em enfermarias). Há outros 2.721 pacientes internados, sendo 1.029 em leitos de UTI e 1.692 em enfermarias. Eles estão nas redes pública e particular, aguardam resultados de exames e são considerados suspeitos de infecção pelo Sars-CoV-2. Até essa quinta, 827 pacientes com sintomas ou com confirmação para Covid-19 esperavam uma vaga em hospitais no Estado, sendo 402 para UTI e 425 para enfermaria. A taxa de ocupação nas UTIs do Estado está em 95%.

O sistema privado de saúde também espera por uma piora da pandemia nos próximos dias. “Pelo que a gente está sentindo, [o cenário atual] é reflexo do Dia das Mães. Já estamos sentindo nos hospitais um aumento na procura por consulta, falta de leito, taxa de ocupação alta, principalmente de UTI. Já vinha de uma taxa de ocupação bem alta, sempre acima de 90%. Hoje já temos taxa de ocupação próximo de 100% e vai ter muitas pessoas em fila de espera, principalmente para leitos de UTI”, afirmou o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Rangel Silva. Segundo ele, “há uma grande chance de de os próximos dias superarem a onda de fevereiro e março”, ou seja, de que a nova onda ou o novo pico da doença traga um cenário ainda mais crítico para o sistema de saúde.