sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Em cinco anos, número de pessoas na extrema pobreza cresce 66% no Paraná


 













O que é possível fazer com R$ 150 na carteira? De repente encher o tanque de combustível, pagar uma ou outra conta atrasada ou ainda aproveitar com mais alguém o rodízio completo do tradicionalíssimo Restaurante Madalosso, em Santa Felicidade (o valor está em R$ 59 por pessoa). No Paraná, contudo, é crescente o número de pessoas que contam com esse valor (ou até mesmo menos) para sobreviver um mês inteiro.

Conforme a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 haviam quase 300 mil paranaenses (o equivalente a 2,6% da população) vivendo na extrema pobreza, com R$ 150 por mês ou menos (US$1,90 PPC), valor referente ao rendimento domiciliar per capita. Em 2014, eram 180.200 pessoas vivendo nessa condição (1,6% da população), o que aponta para um aumento de 65,5% em cinco anos.

Não foi só a extrema pobreza, contudo, que avançou. O número de pessoas vivendo na pobreza, medida pela linha de US$ 5,5 PPC (R$ 436 por mês), também cresceu: em 2014, eram 1.224.984 paranaenses (11,2% da população) e em 2019 o contingente já somava 1.574.683 (13,8%), com avanço de 28,5% no período.

Já o Índice de Gini, instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo, teve melhora significativa, chegando a 0,476 em 2019, melhor resultado para o estado desde 2015 (0,454). O índice varia de zero a um, sendo que o valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, enquanto o valor um está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. O Paraná é ainda a quinta unidade da federação com melhor resultado no país, atrás apenas de Rondônia (0,472), Goiás (0,459), Mato Grosso (0,456) e Santa Catarina (0,422).

Por outro lado, o rendimento médio per capita do paranaense teve leve retração no último ano, passando de R$ 1.605 para R$ 1.586 (variação de -1,2%) e encerrando uma sequência de três altas consecutivas. As desigualdades de gênero e principalmente de raça, entretanto, ainda são grandes.

Um homem no Paraná, por exemplo, recebe em média R$ 1.603 por mês. Uma mulher, por outro lado, afere R$ 1.570, uma diferença de 2,1%.

Com relação à raça, o rendimento médio de uma pessoa branca é de R$ 1.827, enquanto o rendimento domiciliar per capita da população parda é de R$ 1.137 e o da população preta, de R$ 1.159. Então, uma pessoa branca recebe 60,4% a mais do que uma pessoa preta ou parda no Paraná.

Desocupação mais que dobra
A taxa de desocupação voltou a cair no Paraná em 2019 pela terceira vez consecutiva, chegando a 8,1%, melhor resultado desde 2016. Ainda está longe, contudo, de retomar o patamar verificado em 2014, quando a taxa de desocupação atingiu 3,9%, menor nível da série histórica do IBGE. Em cinco anos, portanto, a taxa de desocupação no estado mais do que dobrou, com um aumento de 107,7%.


Além disso, praticamente um quarto dos desocupados (23,4% das pessoas sem emprego) estavam sem conseguir colocação no mercado de trabalho há pelo menos dois anos. Na comparação com 2018, quando essa taxa estava em 24,9%, houve uma aimportante redução. Mas o resultado ainda é bem pior do que o verificado em anos anteriores – em 2014 e 2013, por exemplo, 12,4 e 12,1% dos trabalhadores desocupados estavam há tanto tempo fora do mercado.

Entre os jovens de 15 a 29 anos de idade, 17,5% não estudavam e não estavam ocupados em 2019. O porcentual foi menor que em 2018 (17,7%), em decorrência do aumento do nível de ocupação.

Quase metade dos paranaenses estudou só até o ensino fundamental
No tocante à educação, chama a atenção o fato de quase metade (46,9%) da população paranaense ter estudado, no máximo, até completar o ensino fundamental.

Ao todo, 4,9% dos cidadãos não têm qualquer instrução, 33,3% possuem o ensino fundamental incompleto e 8,7%, o fundamental completo.

Há ainda 4,9% com ensino médio completo, 25,9% com o ensino médio completo, 3,3% com o ensino superior incompleto e 18,9% com o ensino superior incompleto.

A média de anos de estudos na população entre 18 e 29 anos registrada pela PNAD Contínua em 2019 foi de 11,8 anos, apresentando melhoras consecutivas desde 2016, quando esse valor estava em 11,4.

Ainda assim, o estado ainda não alcançou a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que é de 12 anos de estudo até 2024. Aliás, as únicas unidades da federação que já conseguiram atingir a meta até aqui foram Distrito Federal (12,6), São Paulo (12,3) e Santa Catarina (12,0).