sábado, 6 de julho de 2019

Com paralisia cerebral e dificuldade motora, jovem aprende a digitar com auxílio de pincel e consegue se formar em matemática no Paraná

Welligton tem 29 anos e se formou em matemática em um curso de ensino à distância  — Foto: Marcelo Zanello Milléo/Arquivo pessoal

O paranaense Welligton Opinajara da Silva, de 30 anos, que mora em Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais, conseguiu superar o diagnóstico de paralisia cerebral e uma dificuldade motora nas mãos, que o impedia de estudar e se comunicar, com a ajuda de um pincel.

A adaptação foi aos 16 anos, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), e foi o que mudou a vida dele, segundo a mãe Sueli Ferreira da Silva.

A digitação proporcionou ao jovem a oportunidade de completar os estudos e à mãe dele a realização de um sonho, o de ser o primeiro a completar o ensino superior na família. O curso foi feito à distância na Faculdade Estácio de Curitiba.

A escolha da profissão, segundo Welligton, foi porque futuramente pretende trabalhar com pesquisas científicas. Para fazer as provas, ele disse que nunca precisou fazer uso da calculadora, que consegue fazer as contas de cabeça.

Welligton foi diagnosticado com paralisia cerebral quando era bebê e também tem dificuldades para se comunicar através da fala. O pincel, segundo a mãe, também o ajuda para usar o celular e se comunicar no dia a dia.

"Como eu não saio sozinho de casa, às vezes a minha mãe e a minha avó me levam para passear. O único detalhe é que eu não posso fazer caminhadas longas porque sinto dores nas costas e nas minhas pernas, mas eu me sinto realizado quando posso sair", contou.

A nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi essencial para que o jovem conseguisse iniciar o curso. Como não conseguiu emprego no período em que estava estudando, Welligton disse que precisou contar com a ajuda da família para conseguir pagar integralmente o valor do curso.

"Eu ganhei uma bolsa de 20% pra fazer o curso. Mas aqui em casa todos sempre deram um jeitinho de me ajudar e sempre conseguimos pagar a diferença do valor da bolsa, mesmo com algumas dificuldades", contou Welligton.